Cerca de 252 milhões de anos atrás, no fim do Permiano, a Terra passava por sua terceira extinção em massa. A erupção de diversos supervulcões em todo planeta desencadeou um desequilíbrio ambiental que pôs fim a maioria das espécies, mas um predador com dentes-de-sabre sobreviveu na região onde hoje é o sul da África por um tempo.

Em um artigo recentemente publicado na revista Current Biology, pesquisadores descreveram esse animal que desafiou a teoria ecológica de que os predadores são os primeiros a serem extintos em desequilíbrios e ajudaram a entender melhor o que aconteceu entre o Permiano e o Triássico.

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Durante o Permiano, entre 298 e 252 milhões de anos atrás, a Pangeia era dominada pelos sinapsídeos, um grupo de transição entre os répteis e os mamíferos, muito antes dos dinossauros sequer começarem a evoluir, e os gorgonopsianos eram um dos grupos que o compunha.

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Gorgonopsianos: os grandes carnívoros da Terra

Os gorgonopsianos andavam sobre quatro patas e eram os grandes predadores da época, e onde atualmente é a Bacia de Karoo, na África do Sul, diversas espécies do grupo foram encontradas. Com uma espécie sucedendo a outra logo após a extinção da anterior.

Mas o que chocou os pesquisadores foi que a espécie que evoluiu e se tornou dominante no final do Permiano, se parecia muito com uma que habitava apenas onde hoje é a Rússia, no norte da Pangeia, a Inostrancevia alexandri.

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Os dois fósseis descobertos dessa espécie foram escavados em 2010 e 2011, mas até então foram deixados de lado. Agora, após uma nova análise de todos os fósseis encontrados em Karoo, percebeu-se que se tratava de uma nova espécie.

A besta-dente-de-sabre foi batizada de Inostrancevia africana, e acredita-se que os ancestrais da espécie assumiram o papel de dominantes da África do Sul, após atravessarem toda a Pangeia, e não encontrar concorrentes por aqui.

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De acordo com Juan Carlos Cisneros, paleontólogo especializado no Permiano pela Universidade Federal do Piauí não envolvido na pesquisa, em resposta ao The New York Times, provavelmente o sucesso dessa espécie vindo do Norte, provavelmente foi devido ao fracasso dos predadores do sul.

A descoberta dessa nova espécie lança uma nova luz sobre a extinção do Permiano-Triássico, que é geralmente negligenciada devido aos dinossauros que vieram em seguida, e sobre processos de extinção que estão acontecendo agora, em virtude do aquecimento global e mudanças climáticas.

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