O Google mantinha um game chamado “Simulador de Escravidão” na sua loja de aplicativos Play Store até esta quarta-feira (24). No jogo, que saiu do ar nesta tarde, pessoas negras podiam ser castigadas ao longo das partidas.

O que você precisa saber:

  • Entre segunda-feira (22) e esta quarta-feira (24), um jogo chamado “Simulador de Escravidão” ficou disponível na Play Store para celulares com Android;
  • Após dinâmicas do jogo viralizarem nas redes sociais, o Google o tirou do ar;
  • Figuras da política entraram com denúncias no Ministério Público por crime de racismo;
  • A produtora do game alegou que o “jogo foi criado para fins de entretenimento” e que condena a escravidão no mundo real.

A dinâmica do jogo passou a viralizar nas redes sociais nesta quarta. Após a repercussão, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse, numa rede social, que vai entrar com uma representação no Ministério Público por crime de racismo.

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O jogo estava disponível, pelo menos, desde segunda-feira (22) para aparelhos Android. Agora, ele ainda aparece na Play Store, mas os usuários não conseguem baixá-lo. Mas quem já tinha o app no celular, consegue continuar jogando.

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O jogo

Telas do jogo "Simulador de Escravidão" em celular Android
(Imagem: Reprodução)

A proposta do jogo é que o usuário simule ser um proprietário de escravos e escolha entre duas modalidades: tirana ou libertadora. Na primeira, o objetivo do jogo é lucrar o máximo possível e impedir fugas e rebeliões. Na segunda, o jogador deveria lutar pela liberdade até chegar à abolição.

Entre as opções da dinâmica do jogo estão agredir e torturar o “escravo”. O game foi produzido pela Magnus Games e tinha pouco mais de mil downloads, além de 70 avaliações. Nos comentários, algumas pessoas reclamavam de poucas possibilidades de agressão.

Pessoa segurando celular com página de comentários sobre jogo "Simulador de Escravidão" aberta
(Imagem: Reprodução/g1)

A produtora do game, Magnus, incluiu na plataforma que o “jogo foi criado para fins de entretenimento” e que condena a escravidão no mundo real.

Já o Google declarou, em nota: “Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia”.

Repercussões

Prints de telas do jogo "Simulador de Escravidão"
(Imagem: Reprodução)

O deputado Orlando Silva não foi a única figura pública a se manifestar sobre o jogo nas redes sociais. O comunicador Adjunior Real, por exemplo, orientou seus seguidores a denunciarem o app.

A vereadora paulistana Elaine Mineiro (PSOL), do mandato coletivo Quilombo Periférico, disse que o “jogo simula o sistema escravista, um dos maiores crimes contra a humanidade e que perdurou por séculos no Brasil”. Ela apresentou uma denúncia ao MPF (Ministério Público Federal), na qual pediu que o Google e a Magnus Games sejam responsabilizados cível e criminalmente por racismo.

Racismo não é entretenimento, é crime e quem pratica precisa responder legalmente por isso […] A gravidade dos comentários demonstra que a finalidade do jogo é reafirmar o racismo como um sistema de dominação.

Elaine Mineiro (PSOL), vereadora paulista do mandato coletivo Quilombo Periférico

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