Pesquisadoras do Instituto Adolfo Lutz, em parceria com o ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) da USP, diagnosticaram os primeiros casos de tuberculose extensivamente resistentes no Brasil. Essa variação da doença apresenta maior resistência a antibióticos, o que dificulta o tratamento e oferece tendência maior para desenvolver casos graves.

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A resistência aos medicamentos foi apontada pelo Laboratório de Referência para Tuberculose do Instituto Adolfo Lutz, durante os métodos comuns de detecção das mutações no genoma da bactéria — que foram realizados no Laboratório de Pesquisa Aplicada a Micobactérias do ICB.

Médica examinando raio-x de paciente com tuberculose
(Imagem: Eduardo Gomes – ILMD/Fiocruz Amazônia)

Entenda como funciona o tratamento dessa variação da tuberculose:

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  • O tratamento da tuberculose extensivamente resistente leva mais tempo que o aplicado na tuberculose padrão, podendo chegar até 18 meses;
  • Essa variação é detectada quando, além da resistência à rifampicina e isoniazida (medicações utilizadas pelo SUS), a doença apresenta resistência a qualquer fluorquinolona e outro medicamento, como a bedaquilina;
  • Essa é a primeira vez que o Brasil registra casos dessa variação em doenças. Até então, só haviam sido registrados casos de bactérias multirresistentes – e em baixa frequência.

 A detecção da resistência aos novos medicamentos, como a bedaquilina e delamanida, que foram aprovados para uso no Brasil nos últimos cinco anos, reforça a necessidade de um esforço constante para o monitoramento do surgimento desses casos, como também a busca de novos medicamentos.

Ana Marcia de Sá Guimarães, coordenadora da pesquisa e membro do Departamento de Microbiologia

Nova tuberculose, novo tratamento

Segundo uma das pesquisadoras envolvidas no caso, Erica Chimara, diretora técnica do Núcleo de Tuberculose e Micobacterioses do Instituto Adolfo Lutz, o novo laudo precisará de um novo formato de informações sobre as descobertas, que dialogue tanto com os acadêmicos quanto com os médicos — auxiliando na prescrição de medicamentos.

A linguagem que utilizamos nos laboratórios é um pouco diferente da linguagem dos médicos. O laudo que produziremos junto ao CVE irá facilitar a compreensão das nossas descobertas, para que elas possam ser de aproveitamento do médico, e por consequência, do paciente.

Erica Chimara, diretora técnica do Núcleo de Tuberculose e Micobacterioses do Instituto Adolfo Lutz

A diretora também explicou que o novo tipo de exame consistirá na análise das mutações relacionadas aos antibióticos disponíveis para o tratamento da tuberculose, gerando um documento que indicará ao médico formas de personalizar o tratamento com base no que ele tiver à disposição para aquele paciente. “Temos cerca de 13 antibióticos disponíveis. Quanto melhor o médico conhecer o perfil de resistência de cada um, mais preciso será o tratamento do paciente”, explicou.

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Com informações de Jornal da USP

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