Um artigo publicado nesta quarta-feira (28) na revista Nature descreve a descoberta de um planeta que parece ter sobrevivido a um evento apocalíptico que, segundo os cientistas, deve acontecer também com a Terra.

Esse “mundo zumbi” é um exoplaneta da categoria Júpiter Quente chamado Halla, que orbita uma estrela gigante conhecida como Baekdu, na constelação da Ursa Menor, a 520 anos-luz de distância do Sistema Solar.

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Segundo os astrônomos, pela lógica, a estrela já deveria ter usado sua poderosa força gravitacional para sugar o objeto. No entanto, de alguma forma, ele conseguiu escapar desse triste destino – que também aguarda o nosso planeta. Com base em diversos estudos, os cientistas sabem que a Terra tem um limite decretado para sua vida útil.

Isso porque, em cerca de cinco bilhões de anos, o Sol ficará sem combustível de hidrogênio para queimar e começará a fundir hélio, o que fará com que ele se transforme em uma estrela gigante vermelha, expandindo seu tamanho e engolindo Mercúrio, Vênus e a Terra.

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Em algum momento depois, ele acabará explodindo. Isso deixará para trás uma anã branca que, gradualmente, resfriará até a temperatura de fundo do espaço ao longo de trilhões de anos.

Representação artística de duas estrelas se fundindo e criando uma nova nuvem de gás da qual Halla poderia ter emergido como um planeta de “segunda geração” do sistema. Crédito: Observatório W. M. Keck/Adam Makarenko

Já o planeta “zumbi” recém-descoberto por uma equipe internacional de pesquisadores, contrariando todas as probabilidades, parece ter saído ileso depois de encarar esse tipo de cataclismo.

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Duas hipóteses para o caso do planeta que sobreviveu ao apocalipse

A estrela Baekdu tem quase 11 vezes a largura do Sol, mas contém apenas 1,6 vezes sua massa. Ela é orbital bem de perto pelo Halla, a menos da metade da distância entre a Terra e o Sol.

Os pesquisadores do novo estudo examinaram Baekdu com mais detalhes e descobriram que ela já estava fundindo hélio, indicando já ter passado pela fase gigante vermelha. No entanto, pelos cálculos dos cientistas, nesse tempo a estrela teria crescido muito além da órbita atual do planeta Halla.

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“À medida que esgotava seu combustível de hidrogênio central, a estrela teria inflado até 1,5 vezes a distância orbital atual do planeta – engolindo-o completamente no processo – antes de encolher para seu tamanho atual”, disse Dan Huber, segundo autor do estudo. “O engolfamento por uma estrela normalmente tem consequências catastróficas para planetas em órbita próxima. Quando percebemos que Halla havia conseguido sobreviver nas imediações de sua estrela gigante, foi uma surpresa completa”.

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Então, como ele sobreviveu após ter sido engolido? Os cientistas propõem que, na verdade, o apocalipse foi evitado por uma segunda estrela que teria existido naquele sistema. À medida que ambas as estrelas envelheceram, elas teriam arrastado material uma da outra, impedindo a expansão, até que finalmente se fundiram no que Baekdu é agora. Esse processo não envolveria nenhum crescimento e nenhum engolfamento.

Outra hipótese trabalhada é que Halla não está ali há tanto tempo. Quando as duas estrelas colidiram, elas poderiam ter criado uma nuvem de gás que esfriou e depois formou o planeta, como um novo mundo de “segunda geração” no sistema.

Os vídeos abaixo ilustram os dois cenários propostos pelo estudo:

Halla sobrevivendo ao apocalipse

Halla nascendo após a fusão estelar

De qualquer forma, esse é um sistema intrigante que pode ensinar aos astrônomos muito sobre a vida e a morte de planetas e estrelas.

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