James Webb identifica primeiros fios de teia cósmica

O fio de Teia Cósmica observada pelo James Webb possui cerca de 3 milhões de anos-luz de comprimento e liga dez galáxias
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 29/06/2023 20h49, atualizada em 30/06/2023 21h12
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As galáxias no universo não estão posicionadas de forma aleatória. Além dos aglomerados, elas também estão conectadas em estruturas gigantescas formadas por filamentos de gás e poeira, possuindo vazios estéreos entre elas. Essa formação é conhecida como Teia Cósmica, e agora pela primeira vez, o James Webb a identificou. 

O arranjo semelhante a um fio possui 3 milhões de anos-luz de comprimento e está ancorado a um quasar luminoso, um buraco negro ativo, ligando 10 galáxias que surgiram 830 milhões de anos-luz depois do Big Bang. Apesar de ser bem fino, os pesquisadores acreditam que no futuro o filamento irá evoluir para um aglomerado de galáxias enorme.

Fiquei surpreso com o quão longo e estreito é esse filamento. Eu esperava encontrar algo, mas não esperava uma estrutura tão longa e distintamente fina.

Xiaohui Fan, membro da equipe que encontrou o filamento, em comunicado
A imagem feita pela NIRCam do James Webb mostra as dez galáxias ligadas pelo filamento da teia cósmica. Elas estão demarcadas pelos oito círculos em uma linha diagonal (alguns com duas galaxias em um único círculo). (Credito:NASA, ESA, CSA, Feige Wang (Universidade do Arizona) e Joseph DePasquale (STScI))

A descoberta do fio cósmico foi feita pelo ASPIRE (A SPectroscopic survey of biased halos In the Reionization Era), cujo objetivo é entender o ambiente cósmico dos primeiros buracos negros. A pesquisa investigará ao todo 25 quasares que surgiram antes do universo completar seu primeiro bilhão de anos, na época da Reionização, para entender como eles formaram a estrutura cósmica.

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Buracos negros em crescimento

Outra parte do estudo do grupo está investigando oito quasares no universo jovem que possuem entre 600 milhões e 2 bilhões de massas solares que se formaram também no primeiro bilhão após o Big Bang. O objetivo é entender como eles surgiram e cresceram tão rápido. 

Os pesquisadores apontam que para buracos negros supermassivos como esses terem surgindo tão rápido no universo, eles precisam satisfazer dois critérios. O primeiro é que o colapso direto que os formou precisa ser enorme, e mesmo que isso aconteça, eles precisam ter disponíveis grandes quantidade de matéria para crescerem.

As observações do James Webb também mostraram como esses quasares podem regular a formação de estrelas em suas galáxias, já que enquanto sugam matéria, eles também podem gerar enormes fluxos de materiais.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.