O filme Alien – O oitavo passageiro é conhecido pela frase “No espaço, ninguém pode ouvir você gritar”. Apesar dela ser baseada no fato de que o som não se propaga no vácuo, não é bem assim que as coisas funcionam.

O som nada mais é do que uma vibração que se propaga por algum meio como uma onda, seja ele solido, líquido, gasoso ou plasma, não podendo assim se espalhar pelo vazio, ou vácuo perfeito. O espaço é um vácuo, mas não perfeito, contendo partículas o suficiente para as ondas se espalharem.

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Cientistas calcularam com precisão a idade da estrela HD 190412 C – algo que nunca havia sido feito antes para uma anã branca cristalizante conhecida. Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

O Sol, e as outras estrelas estão a todo tempo liberando ventos solares, partículas ionizadas conhecidas como plasma. Quando saem do Sol, elas são muito quentes e rápidas, e à medida que se afastam se tornam mais frias e menos densas. O fluxo de partículas na órbita terrestre é muito baixo, cerca de 3 a 10 por centímetro cúbico, e se comparado a atmosfera terrestre, com uma densidade de trilhões de partículas, é quase insignificante.

Ainda, sim, a velocidade do som pelo plasma é muito superior à de qualquer meio aqui na Terra. A velocidade de propagação no ar é 340 m/s, na água é 1480 m/s e no ferro 5120 m/s, já em órbita, ela é cerca de 50 km/s.

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Isso porque, a velocidade do som também depende da temperatura, quanto mais quente for, mais rápido ela se espalha, e a velocidade do plasma pode atingir até centenas de milhares de graus Celsius.

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Som de estrelas nascendo

Mas além da órbita terrestre, o plasma está em diversas partes do universo, sendo o estado da matéria mais abundante, e a partir dele e do som que se propaga por ele, os cientistas podem estimar quantas estrelas estão nascendo, e até mesmo para estudá-las depois.

  • Quando elas se formam, causam vibrações no gás circundante que se espalha pelo plasma;]
  • Após o nascimento das estrelas, o interior delas continua produzindo ondas que se movimentam em velocidades sônicas, semelhante à propagação de terremotos;
  • Essas vibrações acabam ressoando no brilho sendo percebidos pelos astrônomos, que as utilizam para medir a massa, idade e outras propriedades do interior das estrelas.

Além dessas vibrações estelares, existem objetos no universo que são capazes de produzir realmente notas musicais, os buracos negros supermassivos. Um exemplo é o centro galáctico ativo do Aglomerado de Perseu que forma bolhas de plasma que viajam na velocidade da luz, causando ondulações espaçadas ao longo de milhões de anos. No entanto, o intervalo é tão grande, cerca de 9,6 milhões de anos, que faz com que ele seja extremamente profundo no universo e consequentemente baixo demais para ser ouvido por humanos.

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No fim, o som existe sim no universo, seja ele apenas vibrações ou extremamente baixo. Eles definitivamente estão lá, nos é que não conseguimos ouvi-los.

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