Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos realizaram uma série de testes nucleares nas Ilhas Marshall, localizadas no Oceano Pacifico entre o Havai e as Filipinas. Alguns anos depois foi construída uma enorme cúpula de concreto no local, a Runit Dome, para todo material radioativo ser depositado ali. Agora, décadas depois, essa construção pode ser romper a qualquer momento.

A escolha das Ilhas Marshall para ser o local dos testes nucleares foi feita devido à baixa população do país e à distância que se encontrava de outras nações, assim como as poucas rotas marítimas passavam pela região. A ideia era tirar algum tipo de vantagem sobre a União Soviética.

publicidade

A primeira bomba a ser detonada no local foi em 1946, sendo os atóis de Enewetak e de Bikini os principais locais dos testes que se estenderam por quase duas décadas. Além das bombas nucleares também foram testadas bombas atmosféricas e armas biológicas.

Ao longo dos anos, o governo norte-americano decidiu testar armas cada vez maiores, como a Castle Bravo, que seria mil vezes mais poderosas do que as bombas de Nagasaki e Hiroshima. No entanto, em 1963 o Tratado de Proibição Limitada de Testes fez com os Estados Unidos freassem, mas as Ilhas Marshall ainda continuaram sendo o local de ensaio de armas biológicas.

publicidade
Runit Dome nuclear sendo construído (Imagem: Wikimedia Commons)

Na década de 1970, os rumos da Guerra Fria mudaram e a necessidade de testar armas nas Ilhas Marshall também se esgotou. Mas os anos de explosões acabaram por devastar o local, deixando enormes crateras e toneladas de lixo radioativo.

Assim, os Estados Unidos concordaram em ajudar a limpar a região construindo um enorme depósito de lixo radioativo na Ilha Runit, que ficou conhecido como Runit Dome. O plano foi traçado pela Comissão de Energia Atômica e o Departamento de Defesa dos EUA e a construção foi de 1977 a 1980.

publicidade

O lixo nuclear, cerca de 35 piscinas olimpíadas de material, foi misturado com concreto e jogado na cratera por cerca de 4 mil militares e depois selado com uma camada de concreto com 45 centímetros de espessura.

Leia mais:

publicidade

Contaminação pelo lixo nuclear

O problema é que os testes conduzidos no Atol de Enewetak causaram muita radiação no subsolo, deixando para trás isótopos radioativos com meia vida de 24 mil anos. A Ilha Runit se tornou então tóxica para qualquer humano. 

Apesar de medidas terem sido tomadas para evitar acidentes, diversos problemas surgiram ao longo do caminho, contaminando centenas de militares que trabalharam na construção e que posteriormente desenvolveram cânceres, problemas ósseos e problemas congênitos em seus filhos, anos mais tarde.

Além disso, a Runit Dome apresenta uma série de rachaduras e encontra-se em uma situação extremamente precária, podendo causar vazamentos e prejuízos à população próxima. Em 2019, os Estados Unidos até concordaram em ajudar a restaurar a construção desde que fossem cedidos privilégios militares para o país nas Ilhas Marshall.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!