A Oklo, startup de fissão nuclear apoiada pelo CEO e cofundador da OpenAI, Sam Altman, pretende se tornar empresa pública por meio de fusão com sua empresa de aquisição de propósito específico.
A informação foi oficializada pelos líderes da empresa nesta terça-feira (11). O acordo acrescentaria às recentes fusões SPAC (Empresas de Aquisição de Propósito Específico), envolvendo companhias nucleares e testar o interesse dos investidores por startups de energia limpa, que emergiu em 2020 e no início de 2021 antes de desmoronar.
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Empresas, como a Oklo, tentam construir nova geração de projetos menores de energia nuclear e devem provar que podem entregar em tempo e dentro do orçamento, diferente da frota de grandes plantas nucleares que as precederam.
Quem é a Oklo
- A Oklo está localizada na Califórnia, EUA;
- Ela está desenvolvendo pequeno reator nuclear modular;
- Seu plano é o de vender eletricidade nesse mercado competitivo que é o de energia, incluindo por meio do tipo de acordo que geradores de energias solar e eólica ocasionalmente encerrados com corporações e empresas industriais que buscam comprar energia sem carbono.
E Sam Altman, onde se encaixa nisso?
Altman já disse recentemente que a indústria de energia nuclear pode produzir eletricidade, que é “negócio muito melhor do que qualquer coisa lá fora”.
A fissão nuclear pode gerar energia sem emissões de gases estufa e, diferente de outras tecnologias, como a solar, pode fazê-lo 24 horas por dia. O processo de divisão de átomos em plantas de energia de fissão nuclear provê cerca de 20% de eletricidade nos EUA.
A Oklo está avaliada, na transação, em cerca de US$ 850 milhões (R$ 4,1 bilhões). De forma um tanto incomum, ela pode vir a se tornar pública por meio de combinação com a AltC Acquisition, SPAC cofundada por Altman e Michael Klein, ex-banqueiro do Citigroup e criador de companhias de “cheque em branco” em série.
O que é exatamente uma SPAC?
Também conhecida como uma empresa de “cheque em branco”, uma SPAC é uma empresa de fachada que arrecada dinheiro e, então, lista publicamente com intenções de se associar a uma empresa privada, de modo a torná-la pública.
Após os órgãos reguladores aprovarem a transação, a empresa se torna pública e repõe a SPAC no mercado de ações. Tais negociações são notáveis por enriquecer os membros da companhia às expensas de outros investidores.
Ao menos uma dezena de startups que se tornaram públicas durante o boom das SPACs pediram falência e muitas outras estão acabando com seu dinheiro.
Mesmo com o mundo arriscado das SPACs, é incomum para um investidor abrir o capital de uma de suas empresas por meio de uma de suas próprias empresas de “cheque em branco”, embora não seja algo sem precedentes.
Ter o mesmo investidor em ambas as partes de um negócio pode gerar preocupações para demais acionistas acerca de se eles estão obtendo o melhor resultado.
A AltC também corre contra o prazo para fazer acordo antes de precisar devolver o dinheiro aos investidores, levantando questões acerca do instante da fusão. A SPAC e a Oklo afirmaram estar fechando a negociação há nove meses, e que a AltC assinou carta de intenções, ampliando o prazo da transação por três meses.
Altman se recusou a participar dos processos de revisão e aprovação da negociação em ambas as pontas. Ele, os fundadores da Oklo e Michael Klein concordaram em não efetuar a venda de suas ações até bem após a conclusão da negociação, segundo informação divulgada de ambas as empresas.
A AltC detém US$ 500 milhões (R$ 2,4 bilhões) em dinheiro que a Oklo pode usar para expandir seus negócios, embora essa quantia possivelmente diminua.
Os investidores da SPAC podem retirar seu dinheiro de determinados negócios antes que sejam concluídos e têm saído em massa durante a turbulência do mercado nos últimos dois anos, deixando mais difícil às companhias para obter substancial montes de dinheiro das transações.
Fusões que não têm investimentos privados em simultâneo, como o caso da Oklo, estão entre as de pior desempenho.

As SPACs e seu momento delicado
A exemplo, a startup de reatores modulares X-energy tenta abrir seu capital via SPAC apoiado pela empresa de capital privado Ares Management, em acordo de US$ 1,8 bilhão (R$ 8,7 bilhões).
As partes diminuíram a avaliação em US$ 300 milhões (R$ 1,4 bilhão) no mês passado. Sua concorrente, a NuScale Power, passou por fusão similar no ano passado.
As ações da empresa caíram em cerca de 25% – quantidade menor que a queda média para empresas que abriram seu capital via SPACs.
Foi um ano difícil no mundo das SPACs, mas sempre tento não prestar muita atenção às tendências e olhar para cada oportunidade.
Sam Altman
Outros investimentos nucleares de Altman
O CEO da OpenAI também apoia a startup de fusão nuclear Helion Energy, que possui acordo com a Microsoft (assim como a OpenAI) – considerado o primeiro acordo comercial para energia de fusão.
Sistemas como o da Helion, teoricamente, geram eletricidade por meio da energia liberada quando hidrogênio e hélio são combinados, mesmo processo que alimenta as estrelas. O acordo com a Microsoft faz com que a gigante do software adquira energia da Helion em cerca de cinco anos.
A Oklo e a Helion vêm tentando competir diretamente com outras maneiras de geração de energia, ao invés de solicitar às empresas de serviços públicos e seus contribuintes que se comprometam a financiar projetos cujos custos de design inéditos podem ser incertos.
Por sua vez, a Oklo quer entregar seus primeiros reatores em Idaho e Ohio, e deve passar por pesado processo de licenciamento com a Comissão Reguladora Nuclear local.
Além disso, a “protegida” de Sam Altman vem desenvolvendo tecnologias para reciclar combustível nuclear com o Departamento de Energia dos EUA e laboratórios estadunidenses, que podem fornecer combustível para seus reatores e outros equipamentos.
Altman e a Oklo
Sam Altman tem longa história de “amor” com a Oklo. Ele conheceu os fundadores da startup em 2013, justamente quando ela foi iniciada.
Então, ele os recrutou para a aceleradora de startups Y Combinator em 2014, investiu na companhia e se tornou presidente do conselho em 2015 – cargo ocupado até hoje.
Altman afirmou que os objetivos de tornar IA e energia mais baratas e abundantes estão interligados.
Os sistemas de IA do futuro vão precisar de abundantes quantidades de energia, e essa fissão e fusão podem ajudar no fornecimento.
Sam Altman
O cofundador e CEO da OpenAI acrescentou, ainda, que acha que, à medida que a IA avança, pode contribuir com projetos de sistemas nucleares.
Dezenas de desenvolvedores de todo o planeta vem testando pequenos projetos de reatores modulares, mesmo que não haja tais modelos produzindo eletricidade nos EUA e nenhum sendo construído.
Os defensores e responsáveis pela tecnologia alegam que os reatores de menor escala podem ser mais em conta e mais rápidos de construir quando comparados aos seus antecessores.
Os céticos, por sua vez, alegam que os esforço é aposta em tecnologia com economia sem comprovação. Espera-se que tais reatores podem ser disponibilizados ainda nesta década.
O cofundador e CEO da Oklo, Jacob DeWitte, afirmou que a startup tenta evitar os erros do passado, nos quais clientes de serviços públicos pagavam custos crescentes para realizar a construção de um reator. “Esse modelo de negócios tradicional é muito difícil de se entregar e executar”, alegou DeWitte.
Com informações de The Wall Street Journal
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