O ano de 2023 tem sido marcado pela quebra de todos os tipos de recordes quando o assunto é a temperatura do planeta. As marcas diárias mais altas já registradas globalmente ocorreram no início de julho, juntamente com a maior anomalia de temperatura da superfície do mar de todos os tempos. No entanto, cientistas alertam que devemos nos preparar para um nível de calor ainda maior e sem precedentes em 2024.

Leia mais

publicidade

O aquecimento global decolou em meados de 1970 e a partir dali cada década foi mais quente do que a anterior, sendo a de 2010 a mais quente já registrada. Mas pode haver muita variabilidade de um ano para o outro.

Junho de 2023, por exemplo, teve a temperatura média global de superfície mais alta, de acordo com análises preliminares. Além disso, a extensão do gelo marinho da Antártida atingiu um nível recorde.

publicidade

Enquanto isso, as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono continuam a aumentar a taxas alarmantes. Essa combinação de fatores gera chuvas torrenciais em algumas partes do mundo que contrastam com ondas de calor excessivas e incêndios florestais em outros locais, caso do Canadá, por exemplo.

Temperaturas atingiram recordes em 2023 (Imagem: Tom Wang/Shutterstock)

El Niño e o aquecimento global

  • Mas a temperatura média global da superfície não sobe ininterruptamente.
  • Os maiores aumentos, e os anos mais quentes, tendem a acontecer nos últimos estágios do fenômeno climático El Niño.
  • Os dados comprovam isso.
  • O ano mais quente do século XX foi 1998, após o grande El Niño de 1997-1998.
  • Em seguida, houve um “hiato” no aquecimento global de 2001 a 2014, o levou uma parcela da população a acreditar que as mudanças climáticas eram um mito.
  • Em 2015 um novo El Niño causou o aumento das temperaturas e o ano se tornou o mais quente já registrado até o momento.
  • No ano seguinte, no entanto, o recorde de calor foi ultrapassado.

Aquecimento dos oceanos

  • Os estudos sobre o aquecimento global continuam, e agora os cientistas descobriram que outro fator está associados ao aumento das temperaturas.
  • Um estudo revelou que a variabilidade decadal do Pacífico, às vezes referida como Oscilação Decadal do Pacífico ou Oscilação Interdecadal do Pacífico, resultou em mudanças na quantidade de calor “sequestrado” em várias profundidades oceânicas.
  • O fenômeno causou grandes alterações nos ventos alísios do Pacífico, na pressão do nível do mar, nível do mar, precipitação e locais de tempestade em todos os países do Pacífico e da Orla do Pacífico.
  • Essas mudanças se estenderam para os oceanos do sul e através do Ártico para o Atlântico.
  • Os efeitos são maiores no inverno em cada hemisfério.
  • Assim, durante a fase positiva da Oscilação Decadal do Pacífico, mais calor é depositado nos 300m superiores do oceano, o que pode influenciar as temperaturas globais.
  • Durante a fase negativa, mais calor é despejado abaixo de 300m, contribuindo para o aquecimento geral dos oceanos.
  • Durante o El Niño, o calor armazenado nas profundidades do Pacífico é deslocado e retorna à atmosfera, proporcionando um mini aquecimento global.
O calor “sequestrado” pelos oceanos pode intensificar o aquecimento global (Imagem: stockelements/Shutterstock)

2024 será ainda mais quente

  • A pesquisa mostra que o calor dos oceanos aumenta de forma mais constante do que o aquecimento do ar superficial, comprovando que o aquecimento global continua a se intensificar.
  • O aumento do nível do mar é resultado tanto da expansão do oceano à medida que ele aquece quanto do derretimento das geleiras e mantos de gelo na Groenlândia e na Antártida, que coloca mais água nos oceanos, que cobrem 70% da Terra.
  • O El Niño, como já destacado, potencializa tudo isso.
  • Em abril de 2023, as temperaturas da superfície do mar foram as mais altas já registradas e os valores estão 0,2°C acima das máximas anteriores.
  • Logo depois, no início de julho, as temperaturas do ar atingiram os maiores valores da história.
  • A expectativa, no entanto, é que esse calor aumente ainda mais por volta de dezembro, quando as temperaturas tendem a atingir o pico durante o El Niño.
  • E essa onda de calor deve seguir nos dois meses subsequentes, o que significa que o início de 2024 deve registrar temperaturas 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, com possibilidade de registros diários acima de 1,5°C.
  • Essas temperaturas só devem parar de subir quando o próximo La Niña chegar.
  • Mas os cientistas alertam: isso significa uma nova pausa no aquecimento global, mas os termômetros nunca voltarão aos patamares do passado.

Com informações de The Conversation.

publicidade

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!