Enquanto já existem terras reivindicadas na Lua, alguns territórios no planeta não possuem dono algum. Conhecidas como “Terra nullius”, uma expressão do latim que significa “terra de ninguém”, essas áreas não são reclamadas por nenhuma nação soberana.

Ninguém quer Bir Tawil

Umas das mais famosas regiões sem dono, é a Bir Tawil, localizada entre o Egito e o Sudão com uma área um pouco maior que 2 mil quilômetros quadrados. Esse território é uma região deserta que facilmente atinge 45 °C no verão e é completamente desabitada, exceto por tribos nômades, como os Ababda que vez outra passam pelo local. 

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O motivo de ninguém requisitar essa terra nullius é devido ao imperialismo britânico na região entre os séculos 19 e 20. Em 1899, o Reino Unido dividiu o território dos dois países a partir do paralelo 22 de latitude, tudo ao norte era Egito, e ao sul, Sudão. No entanto, em 1902 uma nova fronteira foi traçada.

Nessa nova divisão, o Bir Tawil, ao sul do paralelo 22, foi dado ao Egito, e o Triângulo de Hala’ib, ao norte e com mais de 20 mil quilômetros quadrados ao Sudão. Essa nova fronteira foi elaborada pensando de qual nação as tribos que viviam em cada uma dessas regiões eram mais próximas.

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O território demarcado pela linha tracejada ao sul da linha verde é Bir Tawil, a norte, Triângulo de Hala’ib (Credito: Google Maps)

Atualmente, o Egito reconheceu sua fronteira 1899, e o Sudão a de 1902. Ou seja, ambas querem o território de Hala’ib, mas ninguém que o de Bir Tawil. Em 2014, o estadunidense Jeremiah Heaton reivindicou as terras para si, chamando-a de Sudão do Norte e se proclamando rei na tentativa de realizar o sonho de sua filha de ser princesa. No entanto, a reclamação da terra nullius não foi reconhecida pela ONU.

Marie Byrd Land, a fatia indesejada da Antártica

Apesar de internacionalmente a Antártica não ser território de ninguém, Argentina, Austrália, Chile, França, Nova Zelândia, Noruega e Reino Unido já reivindicaram pedaços do território para si na forma de setores do círculo polar, no entanto uma fatia do continente congelado não foi reclamada por ninguém, a Marie Byrd Land.

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Sete países já reivindicaram terras na Antártica, mas as terras de Marie Byrd continuam sem reclamação de território. (Credito: Lokal_Profil via Wikimedia Commons ( CC BY-SA 4.0 ))

A terra nullius recebe esse nome, em homenagem à esposa de Richard E Byrd, oficial da marinha estadunidense que explorou a região no início do século 20. O motivo de ninguém querer o território com uma área de 1,6 milhões de quilômetros quadrados é que ele é muito isolado e inacessível, mesmo pelos padrões antárticos.

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Os bolsões sem dono na fronteira entre Sérvia e Croácia

Quando a Iugoslávia foi dissolvida na década de 1990, vários territórios no lado oriental do Rio Danúbio foram disputados, no entanto na margem ocidental quatro ou mais áreas não são reclamadas por nenhuma das nações remanescentes.

A maior delas é a Gornja Siga, com apenas 7 quilômetros quadrados. A região é uma floresta que serve como planície de inundação do Rio Danúbio. Quem tecnicamente a controla é a Croácia, mas eles apontam que, na verdade, se trata de um território sérvio, enquanto a Sérvia parece não se importar com ele.

No entanto, mesmo que nenhum dos dois países demonstre ter interesse na região, tem gente que parece querer o território. Em 2015, um grupo de libertários liderado pelo tcheco Vít Jedlička, proclamaram Gornja Siga como um microestado chamado de Liberland. A ideia é que ali fosse uma utopia libertária sem impostos obrigatórios, regulamentações estatais mínimas e Bitcoin como moeda.

Mesmo não se importando muito com o local, a Croácia pareceu não gostar tanto de ter libertários tão próximos dela, e mandou que sua força policial prendesse qualquer um que tentasse adentrar a terra nullius.

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