Em um mundo repleto de animais bizarros, um tipo de verme está entre os mais estranhos. E um novo estudo revelou que ele possui uma característica que o torna diferente de todos os animais conhecidos.

Para quem tem pressa:

  • Uma pesquisa apontou que espécies de vermes não possuem aproximadamente 30% dos genes esperados para elas;
  • Os genes ausentes estão ligados ao desenvolvimento dos cílios, estruturas semelhantes a pelos encontradas nas células de quase todos os animais;
  • Objetivo dos pesquisadores era entender as relações evolutivas entre vermes e outros tipos de animais;
  • Por ora, não está claro como a ausência de cílios afeta os vermes ou se o comportamento parasitário dos vermes está conectado aos cílios ausentes.

Primeiro, a pesquisa, publicada na revista Current Biology, apontou que esses vermes não possuem aproximadamente 30% dos genes que os cientistas esperavam encontrar.

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Agora a parte intrigante: os genes ausentes estão ligados ao desenvolvimento dos cílios, estruturas semelhantes a pelos encontradas nas células de quase todas as espécies animais conhecidas.

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O verme parasita

Essa espécie de verme é um parasita conhecido por manipular o comportamento de seus hospedeiros – um fenômeno às vezes chamado de “controle da mente”.

O verme parece um macarrão fino estilo espaguete, com alguns centímetros de comprimento. E pode ser encontrados em qualquer lugar do mundo.

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Sua estrutura corporal básica indica sua natureza parasitária, porque carece de sistemas excretores, respiratórios e circulatórios. Por isso, ele vive quase inteiramente dentro de outras criaturas.

Uma das coisas mais legais, talvez a coisa pela qual eles são mais conhecidos, é que eles podem afetar o comportamento de seus anfitriões e levá-los a fazer coisas que não fariam de outra forma.

Tauana Cunha, principal autora do estudo e pesquisadora de pós-doutorado no Museu Field de História Natural, em Chicago (EUA)

Ciclo de vida e manipulação do hospedeiro

Verme parasita em cima de lagosta morta
(Imagem: Martin Sørensen)

Existem centenas de espécies de vermes de água doce. O ciclo de vida começa quando seus ovos eclodem na água e as larvas são consumidas por pequenos predadores aquáticos.

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Esses, por sua vez, são vítimas de predadores terrestres maiores (por exemplo, os grilos. Depois de amadurecer dentro de seus hospedeiros, os vermes manipulam o comportamento dos hospedeiros, levando-os a pular na água.

Uma vez lá, os vermes se esquivam de seus hospedeiros e começam a procurar parceiros, repetindo assim o ciclo.

Embora existam também cinco espécies de vermes marinhos que parasitam criaturas como lagostas, sua capacidade de manipular os hospedeiros não é clara devido à ausência de necessidade de retornar à água.

Pesquisa genética sobre vermes

Por mais estranho que seja o comportamento dos vermes, o interesse de pesquisa de Tauana nos animais tem mais a ver com seu DNA.

A pesquisadora explicou:

Partimos para sequenciar seus genomas, porque nada parecido com eles jamais foi sequenciado antes nesse nível. O objetivo era produzir esses genomas e, eventualmente, usá-los para entender as relações evolutivas entre vermes e outros tipos de animais.

Depois de obter amostras de DNA de duas espécies de vermes – uma de água doce e outra marinha – e sequenciá-las, a equipe fez a descoberta surpreendente ao comparar os códigos genéticos delas com os de outras criaturas.

O estudo também contou com os coautores Bruno de Medeiros, Arianna Lord, Martin Sørensen e Gonzalo Giribet.

Padrões evolutivos e próximos passos

Verme parasita na mão de cientista
(Imagem: Bruno de Medeiros)

O fato de ambas as espécies de vermes terem perdido os genes dos cílios indica que essa mudança evolutiva provavelmente ocorreu no passado distante de seu ancestral comum.

Essa revelação abre caminho para uma infinidade de novas perguntas. Isso porque ainda não está claro como a ausência de cílios afeta os vermes ou se o comportamento parasitário dos vermes está conectado aos cílios ausentes.

Além disso, esses vermes não são os únicos parasitas capazes de “controlar mentes”. Comportamento semelhante é observado em protozoários responsáveis pela toxoplasmose e no fungo Ophiocordyceps, que ficou famoso graças à franquia The Last of Us.

Embora esses organismos sejam apenas parentes distantes dos vermes, Tauana acredita que o novo estudo pode ajudar os cientistas a identificar padrões comuns de como esse comportamento funciona.

Com informações de SciTechDaily

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