“Cápsulas do tempo” de 600 milhões de anos são encontradas no topo do Himalaia

As cápsulas do tempo podem revelar como aconteceu o aumento do oxigênio do planeta após uma das mais severas glaciações
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 02/08/2023 18h30
Os depósitos minerais das colinas de Chandak, no Himalaia, possuem gotículas de agua da época em que a Terra congelou
Os depósitos minerais das colinas de Chandak, no Himalaia, possuem gotículas de agua da época em que a Terra congelou (Credito: Prakash Chandra Arya)
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Há cerca de 650 milhões de anos a Terra passou por uma das piores glaciações, congelando a maior parte do planeta. Depois, o globo experimentou uma explosão de vida e diversidade, graças ao evento atmosférico conhecido como Segundo Grande Evento de Oxigenação. E agora cápsulas do tempo de 600 milhões de anos no topo do Himalaia podem explicar como aconteceu esse aumento do oxigênio.

A descoberta consiste em gotículas de água, resquícios de antigos oceanos, encontradas dentro de depósitos minerais formados por carbonato de cálcio e magnésio. Elas foram parar nessas altas altitudes devido à atividade tectônica do planeta, que pode fazer com que as terras mais baixas colidam e acabem formando montanhas. 

As causas do que levaram a grande oxigenação do planeta ainda continuam amplamente debatidas e não se sabe se o evento está conectado às glaciações. No entanto, com a datação dos depósitos minerais, pesquisadores do Instituto Indiano de Ciências puderam associar as gotículas de água ao período, podendo pôr fim a essa dúvida.

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Crescimento de estromatólitos de cianobactérias fotossintéticas

 A análise dos depósitos observou uma diminuição no suprimento de cálcio, atribuindo a redução dos fluxos dos rios, causada pelo congelamento. Esse ambiente foi o ideal para o crescimento da população de estromatólitos de cianobactérias fotossintéticas, organismos produtores de oxigênio, podendo ter sido os responsáveis pelo Segundo Grande Evento de Oxigenação.

Encontrar essas cápsulas do tempo foi um achado impressionante. A cada 200 milhões de anos a crosta oceânica é reciclada, sendo submergida por outra placa tectônica. Isso acabou com a maioria das rochas marinhas desse período de glaciação. As que restaram, não possuem poros retentores de água ou foram alteradas quimicamente, não preservando os registros do período.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.