Uma equipe internacional de cientistas acaba de publicar um artigo no Journal of Human Evolution que descreve restos mortais antigos encontrados na China que são diferentes de qualquer outro fóssil hominídeo já encontrado.

O indivíduo não se assemelha nem à linhagem que se dividiu para formar os neandertais, nem aos denisovanos, nem aos humanos modernos, o que significa que a versão atual da árvore genealógica humana pode precisar de ser atualizada com outra ramificação.

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Segundo os pesquisadores, os ossos da mandíbula, crânio e perna pertencentes a este ancestral humano ainda não classificado, rotulado como HLD 6, foram descobertos em Hualongdong, no leste da Ásia, em 2019. Desde então, especialistas da Academia Chinesa de Ciências (CAS) têm tentado relacioná-los a uma linhagem conhecida.

Embora o rosto do hominídeo seja estruturado de forma semelhante ao da linhagem humana moderna, que se separou do Homo erectus há 750 mil anos, a falta de queixo do indivíduo parece mais com a de um denisovano – uma espécie de humanos antigos que vivia na Ásia e desapareceu há cerca de 30 mil anos.

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Crânio e as mandíbulas do indivíduo identificado como HLD 6. Crédito: Wu et al., Jornal da Evolução Humana, 2023

Sendo assim, em um trabalho conjunto com cientistas da Universidade Xi’an Jiaotong, da China, da Universidade de York, do Reino Unido, e do Centro Nacional de Pesquisa em Evolução Humana da Espanha, os pesquisadores do CAS acreditam ter descoberto uma linhagem totalmente nova: um híbrido entre o ramo que nos deu os humanos modernos e o ramo que nos deu outros hominídeos antigos na região, como os denisovanos.

Restos mortais encontrados na China podem ser de variação intermediária de espécies

Muitos fósseis de hominídeos do Pleistoceno que foram encontrados ao longo dos anos na China não se encaixam facilmente em nenhuma linhagem, conforme destaca o site Science Alert. Dessa forma, eles são muitas vezes explicados como variações intermediárias em um caminho reto para a humanidade moderna – um Homo sapiens menos evoluído, por exemplo, ou uma forma mais avançada de Homo erectus.

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Tal interpretação linear e simplista, no entanto, é controversa e não amplamente aceita. Embora o H. erectus tenha persistido na Indonésia até cerca de 100 mil anos atrás, os restos que foram encontrados recentemente no leste da China têm maior semelhança com outras linhagens mais modernas de hominídeos.

Estudos genômicos sobre restos de neandertais na Europa e no oeste da Ásia encontraram evidências de uma quarta linhagem de hominídeos vivendo no Pleistoceno Médio e Superior. Mas esse grupo desaparecido nunca foi oficialmente identificado no registro fóssil.

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Então, talvez, os restos humanos recém-descobertos na China sejam a peça que falta nesse quebra-cabeça.

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Segundo o artigo, a mandíbula e o crânio fossilizados pertencem a uma criança de aproximadamente 12 anos e, embora seu rosto tenha características humanas modernas, os membros, a calota craniana e a mandíbula “parecem refletir traços mais primitivos”, relatam os autores da análise.

Esse mosaico de características físicas encontrado no indivíduo sustenta a coexistência de três linhagens na Ásia: o H. erectus, o denisovano e essa outra linhagem que é “filogeneticamente próxima” de nós.

O H. sapiens só apareceu na China há cerca de 120 mil anos, mas parece que algumas de nossas características “modernas” existiam lá muito antes disso. Pode ser que o último ancestral comum de H. sapiens e neandertais tenha surgido no sudoeste da Ásia e mais tarde se espalhado pelos demais continentes.

Essa teoria agora precisará ser confirmada com mais estudos arqueológicos.

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