Após inúmeros apelos de autoridades, inclusive do Brasil, o número de crianças e adolescentes vacinados começou a aumentar. Os dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O resultado é motivo de comemoração após o retrocesso observado durante a pandemia de Covid-19.

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Vacinação aumentou, mas está abaixo do ideal

  • No cenário mundial, a vacina contra a DTP (difteria, tétano e coqueluche), conhecida como tríplice bacteriana e utilizada como indicador mundial de cobertura de imunização, por exemplo, apresentou um avanço.
  • Em 2021, 18,1 milhões de crianças não receberam nenhuma dose.
  • Em 2022, esse número baixou para 14,3 milhões.
  • Apesar do avanço, a OMS destaca que o nível está longe do que foi atingido em 2019, com 12,9 milhões, segundo informações do Jornal da USP

Contexto brasileiro

  • O Brasil também apresentou números melhores.
  • Por aqui, a cobertura da DTP atingiu 280 mil a mais em 2022 do que em 2021, segundo a OMS.
  • No entanto, Marta Lopes, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da USP, aponta que ainda são grandes os esforços para retornar aos índices pré-pandêmicos. 
  • Para ela, o fim da pandemia e a promoção de iniciativas a favor da vacinação por autoridades governamentais e sociedades científicas explicam a retomada na vacinação.
  • Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, concorda.
  • “Com isso, os técnicos começaram a fazer o trabalho deles em todas as áreas do Ministério, colocaram mais médicos e vacinas, retomaram a estratégia Saúde da Família, que passou por um processo de reconstrução porque tinha sido totalmente destruída”, afirmou o professor. 

O que explica a baixa vacinação?

  • Os dois lembram que a baixa adesão aos imunizantes é um fenômeno que começou a ser registrado muito antes do período pandêmico, com o corte de verbas ao Ministério da Saúde, em 2016, durante o governo de Michel Temer.
  • O professor Gonzalo Vecina Neto explica que a Emenda Constitucional 95, mais conhecida como “teto de gastos”, impactou diretamente a dinâmica vacinal no Brasil.
  • “Nosso modelo de vacinação não é baseado em uma atenção contínua, como acontece nos países mais desenvolvidos através da puericultura. Nosso programa de vacinação é baseado em campanhas”, observou.
  • Além disso, Marta Lopes ressalta que o isolamento social provocado pela pandemia contribuiu com a intensificação da queda na cobertura vacinal infantil, uma vez que as pessoas não saíam de casa para vacinar seus filhos.
  • Ela lembra que é essencial o investimento na atenção primária à saúde e na comunicação adequada para a transmissão das informações corretas sobre a vacinação.
  • Só assim os números da vacinação continuarão crescendo.

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