Após quase meio século, a Rússia está de volta às missões lunares. O país lançou, na manhã desta sexta-feira (11) (final da noite de quinta-feira [10] no Brasil) a missão Luna-25, que vai tentar pousar o robô de mesmo nome na superfície lunar.

O local escolhido para o pouso é o polo sul da Lua, onde a presença de gelo atraiu a atenção de vários programas espaciais, levando a um ano de observações de valor científico.

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  • A nova missão esteve em desenvolvimento por anos antes de a Rússia invadir a Ucrânia;
  • Contudo, ela sempre esteve no radar do presidente Valdimir Putin, que olha para o Espaço com carinho, pois acredita que é por aí que o país pode voltar a ter condição de grande força;
  • O foguete Soyuz começou seu voo pelo céu nebuloso na plataforma de lançamento Vostochny;
  • Após 80 minutos do lançamento, a espaçonave Luna-25 foi redirecionada à Lua, segundo a Roscomos, a agência espacial russa;
  • A expectativa é que a nave alcance nosso satélite natural e entre em sua órbita no dia 16 (quarta-feira);
  • Ela tentará pousar na Lua no começo do dia 21 de agosto.

Nos últimos anos, sob a batuta de Putin, a erá soviética foi venerada como ápice do poderio russo, enquanto os crimes e injustiças do Comunismo local foram engavetados. Os objetivos soviéticos no Espaço são partes-chave da narrativa ensinada em escolas e televisão estatal, como informa o The New York Times.

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A invasão à Ucrânia só amplificou o peso da busca de Putin para reconstruir a Rússia. Com as sanções do Ocidente e a guerra privando o país de capital e tecnologia estrangeiros, a ida à Lua emerge como teste para a habilidade de pavimentar novos rumos.

Putin vê o programa espacial russo como uma das pontas do esforço em contra-atacar os países europeus e os EUA após isolarem a Rússia em todos os aspectos.

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Quando ele recebeu líderes da África em reunião de Cúpula em São Petersburgo, em julho, ele prometeu expandir a cooperação da Rússia com os países do continente africano “no campo das tecnologias espaciais e suas aplicações”.

Contudo, o Espaço também é prioridade interna. Em maio, Putin criou premiação para conquistas espaciais. A primeira pessoa a conquistá-lo foi Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir ao Espaço, em 1963, além de ter conquistado posto no Parlamento.

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Em 30 de junho, em encontro com Putin, Yuri Borisov, chefe do programa espacial russo, alertou o presidente que, geralmente, as chances de sucesso dessas missões são de 70%.

Dados da Soyuz já no Espaço (Imagem: Reprodução/YouTube/Roscosmos TV

Missão espacial russa já viu dias melhores

Os dias de glória do programa espacial russo foram entre os anos 1950 e 1960, quando lançou seu primeiro satélite, o Sputnik, além de ter colocado o primeiro astronauta no Espaço, Yuri Gagarin, começando a disputar com a NASA quem alcançaria a Lua com seus homens.

A devoção à esses tempos é tão grande que o nome da nova missão lunar também se refere ao passado, pois a última missão lunar, de 1976, se chamava Luna-24.

“A arquitetura do módulo de pouso é muito semelhante ao que a União Soviética costumava construir para pousar na Lua nos anos 1970”, disse Anatoly Zak, dono do site Russian Space Web, que fica próximo das atividades espaciais da Rússia.

“No entanto, é uma versão reduzida” que aproveita os avanços tecnológicos modernos, disse Zak. “Quando eles decidiram chamá-lo de Luna-25, é justo, porque, na verdade, é uma continuação do legado soviético.”

Próximos passos

Uma vez na Lua, no dia 16, o módulo Luna-25 entrará em órbita circular 96,5 km acima da superfície lunar. O módulo vai gastar vários dias adentrando a órbita, pousando em 21 de agosto (se conseguir).

O módulo vai testar tecnologias e estabelecer bases para futuras missões. Pousando com sucesso, ele vai operar por ao menos um ano, visando principalmente o norte da cratera Boguslawsky, em latitude de 70º ao sul.

Ela deve escavar o solo e analisar do que ele é feito, entre outras experiências. A sonda também vai remover gelo abaixo da superfície.

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