Um estudo recente realizado pelo projeto Upgrade Democracy da Fundação Bertelsmann revela um desejo crescente por ações enérgicas para combater a disseminação deliberada de informações falsas e conteúdo enganoso na Internet por parte dos cidadãos da União Europeia.

Os resultados da pesquisa apontam para uma clara percepção do problema e uma demanda por intervenções tanto por parte dos legisladores quanto das plataformas de mídia social.

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De acordo com os dados do estudo, impressionantes 85% dos cidadãos da UE acreditam que os formuladores de políticas devem fazer mais para prevenir a propagação da desinformação, enquanto 89% afirmam que os operadores de plataformas de mídia social também deveriam intensificar suas ações.

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O autor do estudo e especialista em democracia e coesão social na Fundação Bertelsmann, Kai Unzicker, destaca:

Informações confiáveis são a base para a formação de opiniões sólidas e, consequentemente, para o discurso democrático. As pessoas na Europa estão muito incertas sobre quais conteúdos digitais podem confiar e quais foram manipulados intencionalmente. Aqueles que desejam proteger e fortalecer a democracia não podem deixar as pessoas lidarem com a desinformação sozinhas.

Kai Unzicker, autor do estudo

Jovens respondem de mais ativamente à informação falsa

  • A pesquisa também revela que a ação é necessária, uma vez que menos da metade dos europeus (44%) afirmam ter verificado informações encontradas online;
  • E apenas 22% sinalizam ou alertam outros sobre a desinformação.
  • No entanto, a idade e a educação desempenham um papel crucial nesse cenário.
  • Os respondentes mais jovens e com maior nível de educação demonstram maior disposição para verificar a veracidade das informações e tomar medidas contra a desinformação.
  • Unzicker ressalta que “a capacidade de reconhecer e combater informações falsas não deve depender da idade ou do nível de educação”.

Desafios e Vantagens das Mídias Sociais na Democracia

Os dados da pesquisa também mostram variações por país. Atitudes críticas predominam na França, Bélgica, Holanda e Alemanha, enquanto na Polônia as pessoas têm uma visão mais positiva da influência das mídias sociais na democracia.

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  • Quanto aos diferentes canais, usuários do Twitter e Telegram relatam encontrar desinformação com mais frequência.
  • A pesquisa revela uma divisão de opiniões em relação ao impacto das mídias sociais na democracia.
    • 30% dos respondentes enxergam desvantagens;
    • 28% identificando vantagens;
    • 42% destacando aspectos tanto positivos quanto negativos.

Recomendações para Combater a Desinformação

Diante dos resultados da pesquisa, a Fundação Bertelsmann recomenda a introdução e expansão do monitoramento sistemático por parte de especialistas independentes e atores da sociedade civil para identificar e rotular a desinformação de forma mais eficaz.

Além disso, segundo o estudo, plataformas digitais devem adotar moderação de conteúdo consistente e transparente. Também são aguardados os relatórios de transparência que os principais provedores de mídias sociais devem lançar até o final de agosto como parte da implementação do Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) da UE.

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Cathleen Berger, especialista em políticas digitais da Fundação Bertelsmann, destaca a importância de uma abordagem abrangente.

Além da regulamentação, é essencial capacitar as pessoas. Devemos conscientizar o público em geral sobre os riscos da desinformação. Ao mesmo tempo, é crucial garantir que pessoas de todas as idades tenham a capacidade de verificar e classificar notícias e conteúdo midiático, visto que a pesquisa indica que as pessoas estão mais dispostas a combater a desinformação quando a reconhecem.

Cathleen Berger

Com o intuito de apoiar a sociedade na resposta à desinformação, a Fundação Bertelsmann lançou o projeto Upgrade Democracy este ano. O projeto apresenta ideias e iniciativas que combatem e neutralizam eficazmente a desinformação e a manipulação nas mídias sociais, explorando também novas tecnologias e métodos que promovem um discurso político justo e vibrante.

Os dados da pesquisa utilizados no estudo foram obtidos por meio do eupinions, ferramenta de pesquisa de opinião europeia da Fundação Bertelsmann desenvolvida em cooperação com a Latana.

A pesquisa para o estudo atual foi realizada em março de 2023 em toda a UE, com uma amostra de 13.270 pessoas entre 16 e 70 anos, representando a UE como um todo e sete Estados membros: Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Espanha.

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