Apesar de, até agora, não ter obtido sucesso, a busca incessante por sinais de vida alienígena no espaço profundo continua a avançar. Em um estudo recente neste sentido, cientistas se dedicaram a investigar milhares de estrelas situadas a algumas centenas de anos-luz da Terra.

Liderada por Jean-Luc Margot, astrônomo do Departamento de Ciências Espaciais da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), uma equipe de pesquisadores examinou o catálogo dos chamados Objetos de Interesse TESS (TOI) para tentar identificar assinaturas de rádio que poderiam ter sido emitidas por civilizações alienígenas.

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O TESS (sigla em inglês para “Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito”) é um equipamento que vasculha o céu em busca de estrelas próximas e seus possíveis planetas. 

O TESS (Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito), caça-exoplanetas da NASA, já detectou mais de 6,6 mil possíveis mundos alienígenas. Crédito: Dotted Yeti – Shutterstock

“Estamos sozinhos no Universo?”

Entre os anos de 2020 e 2023, o projeto “Estamos sozinhos no Universo?”, comandado por Margot, direcionou o Green Bank Telescope (GTB) – maior radiotelescópio orientável do mundo – para os TOI, captando sinais de rádio emitidos de uma área específica do espaço. 

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Foram analisadas emissões de cerca de 11.680 estrelas e seus sistemas planetários, localizados até 18.173 anos-luz de distância. As observações foram realizadas em sessões de duas horas em diferentes datas. 

Merece destaque o engajamento de cientistas cidadãos no projeto, que contou com mais de 10 mil voluntários em todo o mundo, gerando mais de 300 mil avaliações de sinais de rádio.

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Após analisados os dados, os cientistas identificaram uma alta probabilidade (entre 94% e 98,7%) de que menos de 0,014% das estrelas situadas a menos de 100 anos-luz de distância hospedam transmissores detectáveis por seu sistema de busca. Em resumo, isso quer dizer que não foi recebido qualquer “olá” das estrelas vizinhas.

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Como seria a comunicação entre nós e uma possível civilização alienígena

As comunicações interestelares são notoriamente desafiadoras devido ao imenso vácuo do espaço. Um sinal enviado à estrela Proxima Centauri, localizada a 4.246 anos-luz daqui, por exemplo, levaria mais de quatro anos para atingir seu destino à velocidade da luz. A resposta de uma possível civilização lá existente também levaria mais quatro anos para retornar a nós, resultando em um total de oito anos para estabelecer uma conexão efetiva.

Como os sinais de rádio transitam de forma relativamente eficaz, eles são uma opção viável para uma potencial comunicação interestelar. A escolha da faixa de frequência é crucial, com o intervalo entre 1 e 10 GHz se mostrando favorável, segundo os cientistas, para evitar interferências galácticas e absorção atmosférica.

Os astrônomos supõem que civilizações tecnologicamente avançadas também possam selecionar essa faixa de frequência para suas comunicações. Apesar das diferenças linguísticas e culturais, a escolha dessa faixa facilitaria o início da busca por tais sinais.

Embora a busca recente não tenha produzido resultados, ela reforça a importância do processo científico. A falta de um sinal conclusivo é tão valiosa quanto uma descoberta, pois ajuda os pesquisadores a distinguir entre sinais espaciais e interferências tecnológicas terrestres.

Margot e sua equipe também aprimoraram seus métodos de análise e processamento de dados durante essa busca, o que certamente será útil caso algum dia seja identificado um sinal que possa indicar vida inteligente extraterrestre. A busca por civilizações tecnologicamente avançadas continua, com vastas regiões do céu ainda a serem exploradas.

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