Conforme noticiado pelo Olhar Digital no ano passado, algo atingiu a Terra em 2014 e caiu no Oceano Pacífico. Suspeita-se que o objeto, denominado CNEOS 2014-01-8, tenha origens interestelares. Para um famoso cientista de Harvard, inclusive, pode se tratar de uma espaçonave alienígena ou algo do tipo.

Vamos entender esta história:

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  • CNEOS 2014-01-08, também chamado de meteorito interestelar 1 (IM1), é um objeto supostamente vindo de outro sistema solar, que foi relatado em junho de 2019 pelos astrônomos Amir Siraj e Abraham (Avi) Loeb, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA;
  • Segundo os cientistas, em 8 de janeiro de 2014 esse objeto caiu no Oceano Pacífico perto da costa nordeste da Papua-Nova Guiné, o que foi confirmado em 2022 pelo Comando Espacial dos EUA;
  • Os descobridores do fenômeno revelaram que usariam uma técnica conhecida como “pesca magnética” na busca pelos destroços;
  • Na época, em entrevista ao site Universe Today, Loeb declarou que duas possibilidades são consideradas: ou o objeto trata-se de uma relíquia natural, como um pedaço de rocha espacial, ou seria uma tecnologia artificial desenvolvida por seres alienígenas de inteligência avançada;
  • Os primeiros resultados das buscas encontraram pedaços de arame, pequenos fragmentos de alumínio e cinzas vulcânicas;
  • Agora, Loeb relatou que minúsculas esférulas metálicas foram encontradas na última semana de junho – e que sua cuja composição sugere uma origem sobrenatural;
  • Mesmo que isso não seja confirmado, e se conclua que o objeto é realmente um pedaço de rocha espacial, ainda assim é uma descoberta extraordinária;
  • Isso porque, se for comprovado se tratar de um meteorito interestelar, esse será o terceiro objeto conhecido desse tipo – junto com o Oumuamua e o Borisov – e o primeiro a ter caído na Terra.
“Em 2014, um meteoro interestelar caiu no Oceano Pacífico. Agora, em uma busca para encontrar fragmentos desse objeto, o astrônomo de Harvard Avi Loeb descobriu minúsculas esférulas metálicas com uma composição aparentemente sobrenatural”

Avi Loeb é mundialmente conhecido por sua ideia de que o Oumuamua e outros objetos de origem interestelar podem ser artificiais, ou seja, produzidos por civilizações alienígenas.

Cientistas usam trenó magnético nas buscas

Depois que ele e Siraj detectaram o IM1, e a entrada do objeto na atmosfera terrestre foi confirmada pelo Comando Espacial dos EUA, a equipe embarcou em um navio de expedição chamado Silver Star para procurar vestígios deste que pode ser o primeiro detrito de outro sistema estelar a atingir a Terra e cruzar nossos céus como um meteoro (de acordo com os cálculos de sua trajetória feitos pelos cientistas).

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De acordo com o guia de astronomia EarthSky, a busca de Loeb pelos restos do objeto começou em 14 de junho. No processo, a equipe está usando um trenó magnético de águas profundas, arrastando um guincho de espinhel pelo fundo do oceano.

Equipe de pesquisadores junto com o trenó magnético usado nas buscas por destroços do provável primeiro objeto interestelar reconhecido a cair na Terra, o IM1. Avi Loeb é o de chapéu e óculos escuros, posicionado mais à frente. Crédito: Avi Loeb

Até agora, a equipe encontrou 11 esférulas metálicas embutidas nas cinzas vulcânicas. Elas são minúsculas, com a maioria tendo cerca de 0,3 milímetros de diâmetro e algumas ligeiramente menores. 

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“É difícil identificar visualmente ou separar com pinças esférulas menores que 0,25 milímetro, e por isso estamos usando um filtro com esse tamanho de malha. Além disso, esférulas menores são inundadas pela grande abundância de minúsculas partículas em cinzas vulcânicas”, explicou Loeb em seu blog. “Há, portanto, um ponto ideal em torno de um tamanho de 0,25 milímetro para encontrar esférulas metálicas que são visíveis em nossas imagens de microscópio, fáceis de manusear com nossas pinças e não tão raras quanto suas contrapartes maiores”.

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Composição das esférulas aponta para tecnologia alienígena 

Loeb estima que o rompimento do meteoro produziu pelo menos milhares de esférulas maiores que um quarto de milímetro. “Dado que a largura em escala de metro do trenó é cerca de mil vezes menor do que a largura do campo espalhado IM1 esperado, estimei que IM1 deve ter produzido cerca de dez mil esférulas maiores que 0,25 milímetro”, disse o cientista, afirmando que esse número está de acordo com o valor esperado do modelo teórico detalhado no estudo publicado por ele e Siraj no ano passado.

Esférulas semelhantes foram encontradas antes após impactos de asteroides. O mais interessante em relação às que foram descobertas agora, no entanto, é a composição, segundo Loeb. “Encontramos uma composição de ferro, principalmente, com um pouco de magnésio e titânio, mas sem níquel. Tal composição é anômala em comparação com ligas feitas pelo homem, asteroides conhecidos e fontes astrofísicas familiares”.

Mais de 95% de todos os meteoritos contêm metal ferro-níquel (FeNi). Como consequência, os meteoritos têm concentrações de níquel muito maiores do que as de quase qualquer rocha terrestre – no entanto, como dito por Loeb, esse elemento não foi detectado nas esférulas pertencentes ao IM1 encontradas até agora, o que reforça sua ideia de que se trata de algo construído artificialmente. 

Em conjunto, as descobertas notáveis de esférulas IM1 por nossa equipe abrem uma nova fronteira de descoberta para a composição material de meteoros interestelares. Essa fronteira poderia lançar uma nova luz sobre a evolução dos sistemas exoplanetários, bem como sobre a possível existência de objetos espaciais tecnológicos de outras civilizações

Abraham (Avi) Loeb, pesquisador da Universidade de Harvard

Em entrevista à revista Vice, Loeb disse que esta foi a experiência mais emocionante de sua carreira científica. “É uma oportunidade única de aprender sobre outras civilizações tecnológicas no cosmos estudando o Oceano Pacífico”.

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