Exoplaneta desafia o que sabemos sobre formação planetária

O novo exoplaneta foi analisado por dois diferentes grupos de pesquisadores e ambos apontam que ele parece grande para sua estrela
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 16/08/2023 15h06, atualizada em 18/08/2023 21h01
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Um novo exoplaneta foi recentemente descoberto, mas suas características são tão estranhas que diferentes grupos de astrônomos não conseguem dizer com certeza como ele se formou.

O planeta está localizado a cerca de 260 anos-luz de distância da Terra e foi batizado de TOI-4860b, sendo um gigante gasoso um pouco menor que Saturno. Até aí tudo parece certo, o problema é a estrela que ele orbita e a proximidade com que ele faz isso. O exoplaneta faz sua trajetória em torno de uma antiga estrela com um terço do tamanho do Sol, completando esse ciclo a cada 1,52 dias.

Dois diferentes estudos sobre o planeta foram conduzidos por pesquisadores. Ambos estão disponíveis no arquivo pré-impressão arXiv, e serão publicados na  Astronomy & Astrophysics e na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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Formação planetária

Após as estrelas se formarem de nuvens densas de poeiras e gás, um disco de acreção se forma em torno dela, sendo responsável pelo crescimento estelar. Depois de terminar essa fase, o que sobra do disco acaba formando planetas. 

Os modelos de formação estelar e planetária atuais apontam que a quantidade de matéria no disco varia com a massa da estrela. As mais massivas possuem mais material, e as menores, menos. Além disso, se uma estrela possui menos de 40% do raio ou massa do Sol, ela não deveria ter material suficiente para formar planetas.

No entanto, temos encontrado muitos sistemas que parecem fugir completamente desses modelos, como o TOI-4860b. 

Muito grande para sua estrela

Mesmo usado instrumentos diferentes para fazer isso, o resultado encontrado pelos dois estudos foi muito semelhante. Uma das equipes, liderada por José Manuel Almenara, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, apontou que o planeta possui 76,6% do raio e 27,3% da massa de Júpiter, enquanto orbita uma estrela com 34% do tamanho e massa do Sol. A outra, conduzida por Amaury Triaud, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, também chegou a um tamanho de 76% de Júpiter, mas uma massa de 67%.

Com o raio do exoplaneta sendo praticamente o mesmo nos dois estudos, restam poucas dúvidas de que esse seja seu tamanho real. No entanto, isso também significa que ele está orbitando uma estrela apenas cinco vezes maior que ele.

A equipe de Almenara encontrou evidências de um segundo exoplaneta com 1,66 a massa de Júpiter orbitando a mesma estrela, com um período de 426,9 dias. Os pesquisadores acreditam que as interações gravitacionais entre os dois planetas, tenha levado o TOI-4860b para sua órbita mais próxima da estrela.

Já o grupo de Triaud aponta que a formação do exoplaneta pode ser alguma forma explicada pelas altas proporções de elementos pesados encontrados nos dois objetos conhecidos do sistema estelar.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.