Terapia gênica pode combater alcoolismo severo, diz estudo

Foi implantada uma molécula de proteína no cérebro de macacos que neutralizou o sistema de recompensa da dopamina associado ao álcool
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Ignacio de Lima 16/08/2023 12h04, atualizada em 01/09/2023 11h04
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Imagem: Tiko Aramyan/Shutterstock
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O consumo excessivo de álcool é considerado um problema de saúde pública e mata, por ano, 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 100 mil no Brasil, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Pesquisadores buscam soluções para esse vício há décadas. Agora, a esperança é depositada em um tipo de terapia gênica usada para tratar a doença de Parkinson. Um estudo publicado na revista científica Nature Medicine descobriu que ela tem o potencial de combater o alcoolismo severo.

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Resultados impressionantes

  • O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, nos Estados Unidos, em parceria com outras instituições norte-americanas.
  • Até agora, apenas macacos rhesus foram utilizados como cobaias nos testes.
  • Através de cirurgia, foi implantada uma molécula de proteína no cérebro dos animais.
  • Ao se multiplicar, explicam os pesquisadores, ela produziu uma espécie de “reset”, semelhante ao processo de reiniciar o computador, neutralizando o sistema de recompensa da dopamina associado ao álcool.
  • As cobaias, então, ingeriam um grande quantidade de bebida composta de álcool diluído em água.
  • Nos que passaram pela intervenção, o consumo caiu 90%, segundo informações do G1.
  • “É inacreditavelmente eficiente”, resumiu Kathleen Grant, chefe do setor de neurociência da universidade e uma das autoras do trabalho.

Terapia deve ser usada apenas em casos graves de alcoolismo

  • O consumo de álcool pode aumentar a liberação de dopamina, neurotransmissor que ajuda a regular o humor e o prazer.
  • No entanto, quando ingerido em excesso faz com que o cérebro se adapte e diminua essa liberação.
  • A professora Kathleen Grant explica que “quem tem um transtorno relacionado ao álcool sente a necessidade de se manter num estado de intoxicação”.
  • O adenovírus implantado é modificado e não transmite doenças.
  • Ele carrega o código genético de uma proteína chamada fator neurotrófico derivado da glia (glial cell-derived neurotrophic factor, ou GDNF), que estimula células a se multiplicarem e melhora a capacidade dos neurônios de sintetizar dopamina.
  • Entretanto, é necessário liberar o GDNF na região do cérebro onde há maior concentração do neurotransmissor: a área tegmental vental.
  • O procedimento é utilizado atualmente em pacientes com Parkinson.
  • Mas os pesquisadores alertam que como é um tratamento que altera permanentemente a estrutura cerebral através de cirurgia, a terapia ficaria restrita às formas mais severas de distúrbios relacionados ao álcool.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.