Quase metade do “Twitter Ambiental” – grupo de usuários voltado para discutir sobre o meio ambiente – abandonou a plataforma, agora chamada X, após a aquisição por Elon Musk. É o que revelou um estudo, publicado nesta semana, na revista Trends in Ecology & Evolution.

Para quem tem pressa:

  • Quase metade do “Twitter Ambiental” – grupo de usuários voltado para discutir sobre o meio ambiente – abandonou a plataforma, revelou um estudo;
  • Apesar da pesquisa ter analisado a atividade no Twitter entre julho de 2019 e abril de 2023, a equipe aponta a recente aquisição por Elon Musk como a principal razão;
  • O estudo agora ambasa receios sobre como a liderança de Musk poderia suprimir o discurso climático e a pesquisa científica na plataforma.

Antes de ser comprado por Musk, o Twitter era uma ferramenta importante para pesquisadores ambientais e ativistas. O estudo confirma receios sobre como a liderança de Musk poderia suprimir o discurso climático e a pesquisa científica na plataforma.

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Leia mais:

Observamos que havia uma comunidade engajada em discussões sobre tópicos ambientais. Isso levantou a questão de como essa comunidade poderia ser impactada pelas mudanças na governança do Twitter.

Charlotte Chang, autora principal da pesquisa e professora assistente de biologia e análise ambiental no Pomona College, em um comunicado à imprensa esta semana

Sumiço no ‘Twitter Ambiental’

Ícone do aplicativo Twitter/X em tela inicial de um iPhone
(Imagem: Pedro Spadoni/Olhar Digital)

A outrora “comunidade engajada” no X está murchando, conforme descobriu Chang e sua equipe. É a perda de um ecossistema online que ainda não foi completamente substituído por outra plataforma.

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A falta de um local central para que todos se reúnam online pode prejudicar os esforços de conservação e ação climática, segundo o estudo.

Chang e seus colegas analisaram a atividade no Twitter entre julho de 2019 e abril de 2023. Eles identificaram 380 mil usuários que “discutiam frequentemente” sobre mudanças climáticas e conservação da biodiversidade no grupo “Twitter Ambiental”.

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Até abril, apenas 52,5% desses usuários ainda estavam ativos, postando pelo menos uma vez a cada 15 dias.

Um dos que abandonou a rede social de Musk foi Peter Gleick, cientista especializado em clima e água cuja conta no X ainda tem 98,4 mil seguidores.

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Em sua despedida, ele escreveu:

https://twitter.com/PeterGleick/status/1660253870314995712

Não posso mais permanecer ativo aqui. Musk e suas tropas de choque completaram a transformação do Twitter em uma fossa tóxica, cheia de ódio, racista, sexista e anti-semita. Não postarei nenhum conteúdo novo, exceto informações sobre meu novo livro.

Membros do “Twitter Ambiental” eram muito mais propensos a abandonar a plataforma do que outros usuários.

Os pesquisadores os compararam a um grupo de controle mais amplo de indivíduos que estavam realmente envolvidos em discussões no Twitter sobre as eleições presidenciais de 2020, chamado de “Twitter Político”.

Após remover contas que também faziam parte do “Twitter Ambiental” para evitar contagens duplicadas, restaram 458 mil membros do “Twitter Político”. Apenas 20,6% desses usuários abandonaram o X durante o mesmo período.

Contexto da pesquisa

Para ambos os grupos, mas de maneira mais dramática no “Twitter Ambiental”, a proporção de usuários ativos diminuiu acentuadamente após a aquisição de Musk da plataforma, finalizada em outubro de 2022.

A tendência coincide com outros problemas no Twitter que surgiram para cientistas e defensores do meio ambiente desde que Musk assumiu e fez grandes mudanças na plataforma.

Por exemplo: Musk permitiu o retorno de pessoas que haviam sido barradas anteriormente por publicar conteúdo prejudicial, incluindo contas que espalhavam mentiras sobre as mudanças climáticas.

A desinformação climática tornou-se mais prevalente na plataforma, com o uso da hashtag #climatescam (“golpe do clima”, em tradução livre) dobrando em tweets no mês seguinte à oficialização da aquisição por Musk.

Outras pesquisas documentaram um aumento no discurso de ódio na plataforma – e a X Corp agora está processando o grupo que publicou esse relatório.

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