Crédito: Agência Brasil (Rose Brasil/ABr), sob licença Creative Commons
Dos 51 lançamentos já feitos a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, popularmente chamado de Base de Alcântara, seis falharam – a começar pelo primeiro, em dezembro de 1985.
Já o mais recente aconteceu em 19 de março deste ano, com o foguete Hanbit-TLV, que concluiu com sucesso a missão Astrolábio, da sul-coreana Innospace. Em troca da utilização da plataforma brasileira, o veículo levou uma carga útil nacional chamada Sistema de Navegação Inercial (SISNAV) à órbita baixa da Terra.
Entre as seis missões mal sucedidas, a de maior destaque, sem dúvida, aconteceu há exatos 20 anos. Três dias antes do 32º lançamento a partir da Base de Alcântara, em 22 de agosto de 2003, o Veículo Lançador de Satélites VLS-1 V03, um foguete de 21 metros de altura, explodiu em uma ignição prematura na Torre Móvel de Integração (TMI) por volta das 13h30 (hora local), matando 21 técnicos, engenheiros e cientistas – se tornando o maior acidente da história do Programa Espacial Brasileiro.
Após cerca de um ano, investigações apontaram como causa do acidente uma descarga elétrica de origem indeterminada. O objetivo da missão era colocar o microssatélite meteorológico SATEC, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o nanossatélite Unosat, da Universidade do Norte do Paraná, em órbita circular equatorial a 750 km acima da superfície terrestre.
As possibilidades de sabotagem, de falha humana grosseira ou de interferência meteorológica foram descartadas pelo Ministério da Aeronáutica, que apontou “falhas latentes” e “degradação das condições de trabalho e segurança”, além de estresse por desgaste físico e mental dos trabalhadores.
Lembrar daquele 22 de agosto é algo difícil até hoje, 20 anos depois. Além das imagens dramáticas, das perdas humanas e materiais, o Acidente de Alcântara em 2003 foi um duro golpe no Programa Espacial Brasileiro. Não só por ter paralisado o desenvolvimento do VLS por vários anos, mas principalmente, porque entre as vítimas daquele acidente estavam nossos melhores técnicos e engenheiros espaciais da época. Uma imensa e prematura perda para as famílias e para a nação brasileira.
Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital
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Segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB), o triste episódio levou à adoção de novas medidas de segurança no centro de lançamento. Inaugurada em 2012, a nova TMI, de 33 metros de altura e mais de 380 toneladas, é muito mais segura.
A estrutura é rodeada por uma extensa fiação que fornece energia elétrica para um dos estágios da plataforma, que foi projetada e construída com concreto armado, com o objetivo de evitar problemas como o ocorrido naquele fatídico dia 22 de agosto de 2003.
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Esta post foi modificado pela última vez em 21 de agosto de 2023 23:11