Conforme as temperaturas aumentam e as mudanças climáticas se intensificam, a arquitetura subterrânea emerge como uma possibilidade de mitigação a ser seguida. Embora a ideia de viver abaixo da superfície pareça coisa de ficção científica, essa noção evoluiu de uma mera fantasia para um tema de debate sério entre cientistas. 

Segundo estudos neste sentido, a terra oferece estabilidade e frescor, proporcionando um abrigo adequado contra o calor intenso. Defensores desse conceito apontam que a vida subterrânea poderia nos proteger de altas temperaturas e da exposição à radiação solar, ambos contribuintes para o aquecimento global. Além disso, a terra funciona como um isolante natural, diminuindo a dependência de sistemas de climatização.

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No entanto, a adoção dessa prática não está isenta de obstáculos, como inundações e desmoronamentos. Por isso, a construção e manutenção de estruturas subterrâneas de grande porte apresentam desafios significativos. 

Qualidade do ar, iluminação adequada e adaptação psicológica ao ambiente subterrâneo são questões fundamentais, por exemplo. A falta de exposição ao Sol e a desconexão com o mundo exterior podem impactar negativamente o bem-estar emocional das pessoas.

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Cidades subterrâneas do passado

Ao longo de milênios, a história apresenta fascinantes vestígios de civilizações que optaram por se esconder sob a terra. Do norte de África ao Oriente Médio, há exemplos diversos de cidades subterrâneas, cada qual com suas peculiaridades e propósitos.

Em Matmata, na Tunísia, um nome conhecido graças às icônicas filmagens de Star Wars, habitações não despontam na superfície, mas se estabelecem nas profundezas de buracos escavados no solo, conectados por túneis. Com mais de três mil anos de história, essa cidade subterrânea é uma verdadeira fortaleza soterrada.

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A Jordânia também possui sua joia escondida na terra: Petra, a famosa cidade rosa. Uma ode às habilidades do povo nabateu, o município exibe templos, teatros e mercados lapidados nas rochas, além de um impressionante sistema de sua água corrente, que atesta a alta engenhosidade daquela civilização.

Construções de arenito esculpidas nos penhascos rochosos da cidade de Petra, na Jordânia. Crédito: Nick Brundle Fotografia – Shutterstock

Na Turquia, a grandiosidade atinge proporções épicas no complexo subterrâneo de Duruyunku. Espalhando-se por mais de 460 mil metros quadrados, a cidade subterrânea recentemente descoberta em Nevsehir teria abrigado 20 mil moradores entre seus vários enclaves que se intercomunicam.

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Com mais de cinco mil anos de história, esses canais subterrâneos foram refúgios de segurança em meio a ameaças inimigas e fúrias da natureza. Mas, além dessa função, elas abrigavam vidas cotidianas e atividades costumeiras, como em qualquer outra civilização comum.

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Localidades modernas abaixo do solo

Coober Pedy, na Austrália, e Montreal, no Canadá, são exemplos de cidades subterrâneas modernas que enfrentam desafios climáticos de maneiras únicas.

No caso da cidade australiana, 60% da população vive em escavações no subsolo, que proporcionam temperaturas constantes de 23°C para resistir aos extremos climáticos. Esses abrigos interligados acomodam famílias completas, evoluindo para atender às demandas da atualidade.

Casa subterrânea em Coober Pedy, na Austrália. Crédito: Willie Wheele via Expedia

Já em Montreal, “La Ville Souterraine” é um labirinto de túneis e espaços comerciais abaixo da cidade, adaptando-se ao inverno canadense. Com mais de 32 km de extensão, ele conecta estações de metrô, escritórios, shoppings e outros locais populares, oferecendo conforto e conveniência.

Apesar das vantagens, viver abaixo do solo não resolve a crise climática. A necessidade de reduzir emissões de gases estufa permanece. Enquanto essas soluções podem aliviar temperaturas extremas, abordar a crise exige esforços acima do solo, focando em estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Com informações do site Science Alert.

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