Um estudo realizado pela Universidade de Linköping, da Suécia, revelou que as mudanças climáticas que ocorreram nos últimos 4000 anos na região do Oriente Médio influenciaram a dinâmica dos impérios na região. Os períodos de condições climáticas ideias para que a agricultura prosperasse coincide com a ascensão e queda dos antigos impérios persas.

Atualmente, desertos ocupam a maior parte da área do Irã, no entanto, condições como pouca precipitação nem sempre dominaram a região. Em diversos momentos da história, os povos que viviam lá passaram por períodos de monções.

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O estudo publicado na Quaternary Science Reviews aponta que durante o final da Idade do Bronze (800 AEC – 476 EC) à Antiguidade Tardia (284 EC – 750 EC) os povos que habitavam o Irã eram o centro de desenvolvimento político e econômico da região.

Cerca de 4.200 anos atrás, havia uma comunidade da Idade do Bronze em Konar Sandal, perto de Jiroft. A agricultura prosperou e um complexo urbano foi parcialmente escavado no local. No entanto, algo desencadeou o colapso dessa comunidade altamente desenvolvida da Idade do Bronze, e nós estavam interessados ​​no que poderia ter sido

Joyanto Routh, líder do estudo e professor do Departamento de Estudos Temáticos da Universidade de Linköping, em resposta à Phys.

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Mudanças climáticas da região

Para observar as mudanças climáticas, como variação de precipitação e mudança de vegetação, que aconteceram na região nos últimos 4000 anos, os pesquisadores foram até o sítio arqueológico de Konar Sandal. No local eles analisaram um material fóssil organomineral que é composto por materiais vegetais parcialmente decompostos, as turfas.

A turfa examinada continha camadas de sedimentos que foram depositados uns sobre os outros durante milhares de anos. As camadas foram datadas com carbono 14 para saber quando foram formadas. Além disso, oligoelementos, pólen e biomarcadores presentes nos sedimentos foram analisados e combinados com dados arqueológicos anteriores sobre plantas e animais que habitaram a região durante diferentes períodos.

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A combinação desses dados, na falta de registros históricos, ajudou os pesquisadores a descobrirem se existiam pessoas na região em determinada época e se elas praticavam agricultura. Essas informações permitiram que os cientistas reconstruíssem o clima da época.

Em períodos chuvosos, a população se dedicava à agricultura e a sociedade prosperava. Na seca, eles adotavam hábitos nômades, mas retornavam quando as condições voltavam a ser favoráveis para a permanência no local.

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Os registros de pólen encontrados na turfa também mostram que os cereais começaram a fazer parte intensivamente das práticas agrícolas no período de 3900 a 3700 anos atrás, que coincide com o período úmido da região. Já de 3300 a 2900 anos atrás o Irã passou por um período extremamente seco. O nível de pólen de cereais da turfa mostram que a agricultura quase cessou.

Ascensão e queda dos impérios 

Cerca de 2600 anos atrás surgiram na região do Irã os impérios persas: Aquemênida e Sassânida, dois dos reinos mais poderosos da história da Eurásia. A análise da turfa aponta que os reinos ascenderam e caíram quase que em sincronia com os dois períodos mais úmidos que foram observados. 

Segundo Routh, o auge dos impérios foi marcado por grande prosperidade na agricultura. Ele também aponta que o clima sempre esteve atrelado ao que acontece no Oriente Médio, mas que nem sempre é levado em consideração.

Os arqueólogos sugerem que esses impérios caíram devido à fraca sucessão, pestilência e expansão política e militar. Eles geralmente ignoram o clima como um fator determinante por trás dessas mudanças. Não negamos que os argumentos apresentados pelos arqueólogos são importantes. No entanto, você tem que considerar que, de repente, uma comunidade agrícola não podia mais cultivar cereais porque o padrão das monções havia mudado – havia uma escassez aguda de água. Isso teve efeitos em cascata que levaram à descentralização do poder e, por fim, à extinção ou abandono de muitos assentamentos região

Joyanto Routh

Os impérios obtiveram sucesso devido às mudanças climáticas terem sido favoráveis para seu crescimento. Os pesquisadores apontam que construir a correlação entre clima e dados históricos e arqueológicos é essencial para entender como as civilizações reagiram aos impactos das mudanças.

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