Um estudo conduzido por cientistas estadunidenses e australianos apontou que o El Niño pode ficar mais longo conforme o aquecimento global avançar. O mesmo vale para o La Niña, que é o fenômeno climático oposto.

Para quem tem pressa:

  • O El Niño pode ficar mais longo conforme o aquecimento global avançar, segundo um estudo conduzido por cientistas dos Estados Unidos e da Austrália;
  • A pesquisa se baseou na reconstrução da linha do tempo da atmosfera da Terra nos últimos oito séculos;
  • Os cientistas checaram os impactos da revolução industrial – quando humanos passaram a emitir mais gases do efeito estufa – no El Niño (e La Niña, consequentemente);
  • O estudo concluiu que os intervalos entre os fenômenos meteorológicos ficaram mais curtos ao longo do tempo, conforme a temperatura média do planeta subiu.

Durante o El Niño, rola um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Já no La Niña, acontece o oposto: as águas do Pacífico ficam mais frias do que a média. E ambos têm influência significativa nos padrões climáticos globais.

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A climatóloga Georgina Falster, da Universidade Washington de St. Louis (EUA), descreveu o resultado da pesquisa num artigo, publicado nesta semana na revista científica Nature.

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El Niño e La Niña no último milênio

Visão de satélite do El Niño
(Imagem: Domínio Público)

O foco da pesquisa foi analisar a Corrente de Walker. Isso porque trata-se de um padrão de circulação atmosférica e oceânica nos trópicos que desempenha um papel fundamental no sistema climático global, especialmente no contexto dos fenômenos El Niño e La Niña.

A pesquisa se baseou na reconstrução da linha do tempo do clima nos últimos oito séculos – isto é, 800 anos. Assim, os cientistas se debruçaram sobre os dados para analisar os períodos nos quais a temperatura do planeta oscilou naturalmente.

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Para reconstruir o estado da atmosfera entre 1200 e 2000, os pesquisadores inferiram algumas variáveis meteorológicas e analisaram registros, por exemplo: sedimentos em cavernas, anéis de crescimento de árvores antigas e camadas recifes de corais.

Por meio desse trabalho, os cientistas checaram se a corrente de Walker mudou após a revolução industrial – que começou na Inglaterra no final do século 18 e se estendeu ao longo do século 19. Nesse período, os humanos passaram a emitir mais gases causadores do efeito estufa (dióxido de carbono, principalmente).

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Descobertas

Barco encalhado em leito seco por conta do El Niño
(Imagem: Erik Ellison)

Primeiro, o estudo concluiu que os intervalos entre os fenômenos El Niño e La Niña ficaram mais curtos ao longo do tempo. Em vez de durar um ano, os fenômenos se emendaram ou repetiram por dois a três anos.

Isso rolou porque a Corrente de Walker ficou um pouco mais fraca no Oceano Pacífico conforme a média da temperatura do planeta subiu, de acordo com os cientistas envolvidos no estudo.

No entanto, os pesquisadores apontaram que os resultados do estudo não encerram o debate sobre a influência das mudanças climáticas sobre o El Niño (e La Niña, consequentemente). E os fenômenos não ficaram necessariamente mais intensos no período analisado.

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