Ir ao espaço pode não ser muito bom para a saúde; entenda

Células responsáveis pela resposta antiviral do sistema imunológico regridem na "ausência de peso", o que impacta saúde dos astronautas
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Capozzi 25/08/2023 18h36
Astronauta flutuando no espaço sobre a Terra (Imagem: Nasa)
Astronauta flutuando no espaço sobre a Terra (Imagem: Nasa)
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Mesmo com os avanços na ciência, ir para o espaço não é tão simples assim e pode ter consequências no organismo dos astronautas. Uma pesquisa do Karolinska Institutet, na Suécia, mostrou como a “ausência de peso” provocada pela baixa gravidade influencia as células do sistema imunológico e deixa os viajantes mais vulneráveis a infecções.

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Risco para astronautas

O sonho de visitar o espaço continua e já há expedições para explorar a Lua e Marte em planejamento. No entanto, o ambiente fora da Terra é extremamente hostil ao corpo humano e cientistas suecos resolveram entender como isso afeta o sistema imunológico dos astronautas.

Eles, então, investigaram o que acontece com as células T sob condições de ausência de peso. Essas células são as responsáveis pelas respostas antivirais, ou seja, por eliminar corpos infectados e vírus do organismo humano.

Tripulantes de missões espaciais podem estar mais vulneráveis a infecções por causa da adaptação das células T (Imagem: SpaceX)

Testes

  • Para realizar os testes, eles simularam a ausência de peso do espaço usando uma técnica chamada imersão a seco, que consiste no uso de um colchão d’água feito sob medida. Ele serve para enganar o corpo a achar que está sem peso.
  • De acordo com o site Medical X Press, oito pessoas saudáveis participaram dos testes e tiveram suas células T examinadas durante três semanas, sendo a primeira vez antes do experimento, as três seguidas depois de sete, 14 e 21 dias, e uma última depois de mais sete dias.
  • Assim, eles perceberam que as células T mudavam significativamente sua expressão genética (quais genes estão ativos e quais não) depois de sete e 14 dias da ausência de peso.
  • Além disso, as células se tornam mais “imaturas”, como se não tivessem o mesmo conhecimento para combater infecções e tumores que tinham antes.
  • Depois de 21 dias, as células T se adaptaram, mas não voltaram ao normal de antes do experimento. Isso só foi acontecer depois de sete dias após o fim do teste.
Ilustração de nanotecnologia exterminando moléculas
Células T são as responsáveis por combater infecções no corpo humano (Imagem: AdobeStock)

Importância

Agora, os pesquisadores continuarão pesquisando sobre como a ausência de peso pode influenciar o sistema imunológico dos astronautas, inclusive em uma plataforma de sondagem real.

Isso porque, sem essas células em pleno funcionamento, é mais fácil para os tripulantes de uma missão contraírem infecções ou simplesmente ativarem agentes infecciosos que estavam “dormentes” em seus corpos.

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Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.