Economia espacial dos Estados Unidos está em declínio

Um macroeconomista apontou que a economia espacial dos Estados Unidos em 2021 causa menos impacto econômico quando comparada a 2012
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 30/08/2023 16h09
Astronauta ao lado de bandeira dos Estados Unidos na Lua
A bandeira dos EUA cravada na superfície da Lua também cravou a liderança do país na corrida espacial contra a Rússia (Imagem: Governo dos EUA)
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Desde que a União Soviética fez o primeiro lançamento espacial do mundo, em 1957, colocando o satélite Sputnik 1 na órbita da Terra, a economia espacial mudou drasticamente. Atualmente o cenário é composto tanto por governos quanto por empresas privadas, mas de acordo com Jay L. Zagorsky, a economia espacial dos Estados Unidos está diminuindo.

Jay L. Zagorsky é um economista da Questrom School of Business da Universidade de Boston, e em um artigo publicado no The Conversation ele explicou como inovações relacionadas ao espaço e o crescimento de empresas privadas no setor alteraram a economia espacial.

Porcentagem da economia espacial no faturamento total

Uma das formas de medir o sucesso econômico no espaço de um país é o impacto econômico. O Bureau of Economic Analysis dos EUA, analisou recentemente a economia espacial dos Estados Unidos entre 2012 e 2021 utilizando definições amplas e restritas. 

De acordo com a definição ampla, cerca de 0,5% do faturamento bruto dos Estados Unidos em 2021 foi relacionado à economia espacial, representando cerca de 210 bilhões de dólares. Já em 2012, esse setor representava cerca de 0,6% do faturamento estadunidense.

Porcentagem da economia espacial no faturamento bruto dos Estados Unidos utilizando a definição ampla
Porcentagem da economia espacial no faturamento bruto dos Estados Unidos utilizando a definição ampla (Credito: The Conversation, CC-BY-NDFonte: Bureau of Economic Analysis)

 As definições amplas consistem em quatro partes:

  • Coisas usadas no espaço, como foguetes;
  • Itens de apoio, como plataformas de lançamento;
  • Receptores de informação direta do espaço, como chips GPS de telefones celulares;
  • Educação espacial, que engloba planetários e departamentos universitários de astrofísica. 

Já a definição restrita exclui televisões e rádios por satélite e educação especial. Essas categorias foram cortadas porque em 2012 elas representavam um quarto dos gastos com espaço, em 2021, elas eram apenas um oitavo.

Gastos com economia especial corrigidos pela inflação
Gastos com economia especial corrigidos pela inflação (Credito: The Conversation, CC-BY-NDFonte: Bureau of Economic Analysis)

Utilizando a definição ampla, Zagorsky também aponta que a economia espacial dos Estados Unidos está estagnada. Isso porque desde 2015 a venda de foguetes e televisão por satélites quase não se alterou. Já na definição restrita o crescimento econômico do setor em média foi de 3%, abaixo dos 5% da economia em geral.

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Funcionários e concorrência

Analisando o número de funcionários também é possível observar o declínio. Em 2012, cerca de 372 mil pessoas trabalhavam em empresas espaciais privadas, em 2021 esse número era de 360 mil. Já no setor público, estima-se que sejam 400 mil pessoas trabalhando em projetos relacionados ao espaço, o que é menos funcionários do que empresas como Amazon e Walmart.

Número de funcionários em empresas espaciais privadas
Número de funcionários em empresas espaciais privadas (Credito: The Conversation, CC-BY-NDFonte: Bureau of Economic Analysis))

Mesmo com isso, até então, os EUA seguem liderando como maior economia espacial. Só em 2017, o governo estadunidense investiu cerca de 40 bilhões de dólares no setor. Além disso, o fato da maior parte das empresas espaciais privadas estarem localizadas no país também fornece algumas vantagens.

A maioria das principais empresas espaciais privadas estão sediadas nos EUA, lideradas pela Boeing, SpaceX e Raytheon, o que dá aos EUA uma vantagem para continuarem a desempenhar um papel de liderança com os foguetes, satélites e outros materiais necessários para operar no espaço.

Jay L. Zagorsky, em texto

Mas talvez isso não seja suficiente. China, Índia e Europa têm investido cada vez mais no espaço e na corrida espacial do século 21, restando saber se os Estados Unidos vão conseguir manter sua liderança de maior economia espacial.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.