EUA querem construir milhares de “robôs militares” nos próximos dois anos; entenda

Iniciativa Replicator, dos EUA, quer enviar os "robôs militares" para campos de batalha, diminuindo as mortes de soldados
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 31/08/2023 15h45
Drones militares
Imagem: Mike Mareen/Shutterstock
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O governo dos Estados Unidos vai investir pesado no desenvolvimento e liberação de sistemas de armas autônomas nos próximos dois anos. A chamada iniciativa Replicator prevê o trabalho em conjunto com empresas de defesa e de tecnologia para disponibilizar esses novos armamentos às Forças Armadas.

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O anúncio dos planos americanos foi realizado na última segunda-feira (28) pela vice-secretária de Defesa dos EUA, Kathleen Hicks. O objetivo da Casa Branca é combater o avanço tecnológico e também militar da China, segundo informações da Tech Xplore.

Robôs já participam de guerras

Na última década, houve um desenvolvimento considerável de sistemas robóticos avançados para fins militares. Muitos deles foram baseados na modificação da tecnologia comercial, que por sua vez se tornou mais capaz, mais barata e mais amplamente disponível.

Mais recentemente, o foco mudou para experimentar a melhor forma de usá-los em combate. A guerra entre Rússia e Ucrânia demonstrou que a tecnologia está pronta para implantação no mundo real.

Munições de loitering, uma forma de veículo aéreo robô, têm sido amplamente utilizadas para encontrar e atacar veículos blindados e artilharia. Drones de ataque naval ucranianos paralisaram a frota russa do Mar Negro, forçando seus navios de guerra tripulados a permanecer no porto.

Munições de loitering têm sido utilizadas na guerra da Ucrânia (Imagem: Mike Mareen/Shutterstock)

EUA x China

  • Em seu discurso, Hicks destacou a necessidade urgente de mudar a forma como as guerras são travadas.
  • E disse que o novo programa Replicator garantiria “sistemas autônomos em campo em escala de vários milhares, em vários domínios, nos próximos 18 a 24 meses”.
  • Esses “robôs militares” poderia ser enviados para campos de batalha e situações de alto risco, diminuindo as mortes de soldados.
  • Apesar da Rússia ser considerada uma “ameaça aguda” para os militares americanos, é a China que surge como principal adversária dos EUA.
  • Os chineses possuem uma vantagem significativa por terem uma população maior (o que significa mais soldados em potencial), mais tanques, mais navios, mais mísseis e assim por diante.
  • Os EUA têm equipamentos de melhor qualidade, mas a China ganha em quantidade.
  • Por isso, a esperança americana é que o programa Replicator dará aos país as condições necessárias para vencer futuras guerras.
Drone militar dos EUA realizando disparo (Imagem: PHOTOCREO Michal Bednarek/Shutterstock)

Guerras do futuro

Com a entrada cada vez maior de robôs em conflitos armados surge um questionamento. O uso dessa tecnologia pode estar em conformidade com as leis da guerra?

Alguns argumentam que os robôs podem ser cuidadosamente programados para seguir essas regras e, no calor do combate, podem até obedecer melhor do que os humanos.

Mas há quem observe que nem todas as situações podem ser previstas, e que os robôs podem entender comandos de forma equivocada e atacar quando não deveriam. Há exemplos disso no mundo real.

O míssil terra-ar Patriot é um deles. Ele abateu duas vezes aeronaves consideradas amigas durante a segunda Guerra do Golfo em 2003, matando suas tripulações humanas.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.