Histórico! Rim de porco funciona por dois meses em corpo humano

Resultado aumenta esperanças de que transplantes de órgãos de animais em humanos podem estar mais próximos de se tornar realidade
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 14/09/2023 16h26
Médicos e enfermeiros durante transplante de rim de porco
(Imagem: Joe Carrotta/Universidade de Nova York)
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O transplante de órgãos de animais em humanos pode estar mais próximo de se tornar realidade. Essa esperança foi renovada após o rim de um porco geneticamente modificado funcionar normalmente dentro do corpo de um homem com morte cerebral por um período de dois meses.

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Transplantes de órgãos de animais em humanos podem se tornar realidade?

  • Esse foi o maior tempo que um rim de porco geneticamente modificado já funcionou dentro de um ser humano, ainda que falecido.
  • O experimento chegou ao fim nesta quarta-feira (13), quando os médicos removeram o órgão do animal e entregaram o corpo humano para cremação.
  • Os cientistas envolvidos no procedimento agora irão enviar um relatório para a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos.
  • O objetivo é conseguir uma aprovação para fazer testes semelhantes em humanos vivos.
  • As informações são da Medical Xpress.
Testes com porcos geneticamente modificados parecem promissores (Imagem: Mark Agnor/Shutterstock)

Testes têm se mostrado promissores

As chamadas tentativas de xenotransplante falharam por décadas. O principal problema é que o sistema imunológico humano destruiu imediatamente tecidos animais estranhos. Mas os testes com porcos geneticamente modificados parecem promissores.

Alguns experimentos curtos evitaram um ataque imunológico imediato. No ano passado, cirurgiões da Universidade de Maryland tentaram salvar um homem transplantando um coração de porco nele. O paciente sobreviveu apenas dois meses, pois o órgão falhou por razões que ainda não estão completamente claras.

O transplante do rim geneticamente modificado aconteceu em 14 de julho deste ano. Durante o primeiro mês, o órgão funcionou sem nenhum sinal de problemas.

Mas logo depois, os médicos identificaram uma ligeira diminuição na quantidade de urina produzida pelo corpo humano. Uma biópsia confirmou que se tratava do início de um processo de rejeição. Através da administração de medicamentos, o desempenho do rim voltou ao normal e ele continuou funcionando por mais um mês.

Os pesquisadores coletaram cerca de 180 amostras de tecidos diferentes, de todos os principais órgãos, gânglios linfáticos, trato digestivo, para procurar quaisquer indícios de problemas devido ao transplante. Experimentos em falecidos não podem prever que os órgãos funcionarão da mesma forma nos vivos, alertam os cientistas. Mas eles podem fornecer informações valiosas que serão avaliadas nos próximos meses.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.