Árvore “congelada” no tempo por milhões de anos tem mistério revelado

Conhecida como "fóssil vivo", a árvore praticamente não sofreu alterações desde o tempo em que os dinossauros dominavam a Terra
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 15/09/2023 14h06
Pinheiro-1
Imagem: Nita Corfe/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Cientistas da Austrália, Estados Unidos e Itália decodificaram o genoma de uma raríssima árvore conhecida como “fóssil vivo”. O pinheiro Wollemi (Wollemia nobilis) foi descoberto em 1994 e praticamente não sofreu alterações desde o tempo em que os dinossauros dominavam a Terra. Os resultados do estudo foram publicados no banco de dados de pré-impressão bioRxiv e ainda não foram revisado por pares.

Leia mais

Pinheiro Wollemi ou “fóssil vivo”

  • O pinheiro “fóssil vivo” é quase idêntico aos restos preservados da espécie que datam do período Cretáceo, entre 145 milhões a 66 milhões de anos atrás
  • Acreditava-se que a árvore havia sido extinta há cerca de 2 milhões de anos.
  • Hoje, existem apenas 60 árvores do tipo em todo o nosso planeta.
  • Cientistas alertam que os poucos exemplares ainda estão ameaçados pelos incêndios florestais na Austrália.
  • Mas as novas descobertas podem ajudar nos esforços de preservação das árvores, bem como para entender melhor os hábitos reprodutivos e a evolução dessa espécie única.
  • As informações são da Live Science.
Acreditava-se que o pinheiro tivesse sido extinta há cerca de 2 milhões de anos (Imagem: Ken Griffiths/Shutterstock)

Árvore conta com biologia única

Segundo os pesquisadores, o pinheiro Wollemi tem 26 cromossomos, contendo impressionantes 12,2 bilhões de pares de bases. Em comparação, os humanos têm apenas cerca de 3 bilhões de pares de bases.

Apesar do tamanho de seu genoma, as árvores têm uma baixa diversidade genética. Isso sugere que ocorreu um gargalo da espécie (termo utilizado quando uma população é reduzida drasticamente) cerca de 10 mil a 26 mil anos atrás.

Ainda de acordo com o estudo, os espécimes sobreviventes se reproduzem principalmente clonando-se por meio de talhadia, processo de reprodução por meio de brotos que emergem da base e se tornam novas árvores.

Os pesquisadores aponta que a raridade dos pinheiros pode ser explicada, em parte, devido ao alto número de “genes saltadores”, trechos de DNA que podem mudar sua posição dentro do genoma. Esses elementos também explicam o tamanho do genoma.

À medida que esses genes saltam para novos locais, eles podem alterar a sequência de uma molécula de DNA, causando ou revertendo mutações. Também podem carregar DNA funcional com eles ou alterar o DNA no local de inserção, e assim ter um impacto substancial na evolução de um organismo.

Os cientistas acreditam que se esses “genes saltadores” induziram mutações prejudiciais, eles podem ter contribuído para o declínio populacional precipitado por uma mudança climática, por exemplo. Essas condições podem ter levado a planta, inclusive, a mudar para a reprodução clonal.

A decodificação do genoma também revelou por que o pinheiro Wollemi parece ser suscetível a doenças, em particular a causada pela Phytophthora cinnamomi, um mofo de água patogênico que pode causar a morte.

Embora existam apenas pequenas populações na natureza, os pinheiros têm sido extensivamente propagados por jardins botânicos e outras instituições em um esforço para conservar a espécie. Além disso, essa é uma forma de estudar a biologia única dessa árvore.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.