Experiência de quase morte: pesquisa revela como o cérebro age em infartos

Levantamento registrou atividade cerebral associada a pensamentos, memória e linguagem durante parada cardíaca
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Capozzi 20/09/2023 15h23
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(Foto: Mikhail Nilov/Shutterstock)
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Um estudo recente da Universidade de Nova York revelou que, ao contrário do que se achava, a atividade cerebral continua depois de uma parada cardíaca. Isso porque o coração para de mandar sangue ao cérebro e, em teoria, o órgão deveria parar de funcionar. No entanto, a pesquisa mostrou que pacientes que sobreviveram às paradas relataram consciência durante o momento de “quase morte”.

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Atividade cerebral durante parada cardíaca

Os médicos presumiam que há pouca ou nenhuma atividade cerebral após cerca de 10 minutos da parada cardíaca, uma vez que, se o coração para de funcionar, deixa o cérebro sem oxigênio.

A pesquisa da NYU mostrou que não é exatamente assim. De acordo com o Dr. Sam Parnia, principal autor do estudo, que concedeu entrevista ao jornal New York Post, há sinais de atividade cerebral normal até uma hora depois da parada e depois da reanimação cardiopulmonar.

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Estudo mostra que cérebro é mais resistente do que se pensava (Imagem:Wirestock Creators/Shutterstock)

Levantamento

  • O estudo analisou a atividade cerebral de 53 pacientes que sobreviveram a paradas cardíacas em 25 instituições de saúde nos Estados Unidos e Reino Unido. Todos eles passaram pela reanimação cardiopulmonar.
  • Além disso, a análise mostrou que eles tiveram picos nas ondas cerebrais associadas à função mental superior, que tem ligação com a memória, imaginação, pensamentos e linguagem.
  • 40% relatou ter memórias e pensamentos conscientes, e a maioria revelou ter uma consciência de 360° do espaço ao redor após a reanimação.
Ilustração realista de coração e batimentos cardíacos
(Imagem: Reprodução/Medanta)

Nada de alucinação

Parnia afirmou ao jornal que ainda não se sabe exatamente o porquê de experiências comuns a todos os pacientes acontecerem, como sonhos e pensamentos. Alguns deles descreveram a experiência como “ver suas vidas passando diante dos seus olhos”.

Ele acredita que isso se deve ao foco operacional do cérebro. Ou seja, em situações como a de “quase morte”, a pessoa destrava sentimentos, memórias e pensamentos que antes não estava focada em acessar.

Estas não são alucinações. São experiências muito reais que ocorrem na morte.

Sam Parnia

O estudo fez parte de uma pesquisa para entender a reanimação cardiopulmonar, que tem baixas taxas de sobrevivência no geral. Assim, ele espera descobrir mais sobre o funcionamento do corpo humano durante o procedimento.

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Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.