Não é raro encontrar em museus ao redor do mundo estátuas e esculturas com partes faltando. Isso normalmente ocorre em função do desgaste provocado pelo tempo ou por outros fatores, como depredação. No entanto, nem sempre isso é acidental. Os romanos, por exemplo, tinham o costume de construir estátuas sem cabeças. Mas qual será o motivo?

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Uma tradição romana

  • Esculturas sem cabeça estão provavelmente entre as características mais icônicas da arte e arqueologia romanas.
  • E há uma explicação lógica, e bastante pragmática, para isso.
  • As obras eram criadas com cabeças destacáveis para que pudessem ser substituídas.
  • Vamos pensar em um exemplo prático: se você encomendou uma escultura cara de uma figura popular ou herói, o que acontece se esse ele se tornar impopular?
  • A solução é simples: basta tirar a cabeça dele e a substituir por quem quer que seja o mais recente ícone social ou herói.
  • Por isso, o artista só precisaria criar um corpo idealizado e padronizado (geralmente usando uma toga).
  • As informações são da IFLScience.
Estátua romana sem cabeça (Imagem: Roberta Mittermair/Shutterstock)

Mudanças na sociedade? Trocamos a cabeça da estátua

Essa flexibilidade embutida era particularmente importante para a cultura romana, pois o ato de esquecer era uma das formas mais significativas de punição para aqueles em desgraça. As estátuas eram desfiguradas e decapitadas como forma de destruir a memória da pessoa que representavam, o que muitas vezes acontecia quando um imperador substituía outro ou havia uma mudança significativa de regime.

Claro que nem todas as esculturas foram construídas com essa flexibilidade, então nem todos os exemplos sem cabeça foram projetados dessa forma. Além disso, as cabeças destacáveis não eram as únicas peças que podiam ser trocadas. Alguns estados também tinham braços destacáveis ou outras características, mas cabeças destacáveis eram mais comuns. Em última análise, esta foi uma maneira barata de substituir sua arte.

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Um exemplo famoso desse tipo de escultura pode ser visto na Estátua de uma Mulher Sentada, que foi criada no século II d.C. A obra foi projetada para que pudesse representar uma deusa ou uma mulher proeminente.

Outro exemplo é a estátua de Antônio, amante enigmático do imperador Adriano, que está na Universidade de Helsinque. Esta estátua, datada de cerca de 130-150 d.C., mostra as linhas onde a cabeça e os antebraços poderiam ser removidos, se necessário.

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Longe de serem representações imutáveis de heróis públicos, algumas estátuas romanas poderiam mudar com o tempo para refletir novos padrões ou visões alternativas de quem e o que importava. Ao contrário de hoje, onde uma figura pública desgraçada simplesmente perde a face, os romanos poderiam dar o passo extra e remover a cabeça completamente, substituindo por outra mais palatável para o momento.