Chandrayaan-3: missão indiana detecta concentrações inesperadas de enxofre na Lua

A descoberta de altas concentrações de enxofre pode ajudar nos planos para realizações de missões de longa duração na Lua
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 25/09/2023 12h31
A terra vista da Lua
A terra vista da Lua - Ellen11 / iStock
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A missão Chandrayaan-3, liderada pela Índia e a primeira da história a pousar no polo sul da Lua, tem revelado informações muito valiosas desde o dia 23 de agosto deste ano. Mas a mais recente delas é também a mais surpreendente. Segundo a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), foi encontrada uma concentração de enxofre maior do que a esperada no local. A descoberta pode ajudar nos planos para realizações de missões de longa duração na Lua.

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A descoberta da Chandrayaan-3

  • Existem dois tipos de rochas na superfície da Lua: rocha vulcânica escura e rocha montanhosa.
  • Cientistas que medem a composição de rochas lunares e solos em laboratórios na Terra descobriram que os materiais das planícies vulcânicas escuras tendem a ter mais enxofre do que o material das terras altas mais brilhantes.
  • A substância vem principalmente da atividade vulcânica.
  • Quando as rochas nas profundezas da Lua derretem, o enxofre torna-se parte do magma.
  • E quando a rocha derretida se aproxima da superfície, a maior parte desse enxofre é liberado em forma de gás, junto com vapor de água e dióxido de carbono.
  • Parte do enxofre, no entanto, permanece no magma e é retido dentro da rocha depois que ela esfria.
  • As medições realizadas pela Chandrayaan-3 são as primeiras a ocorrer na Lua.
  • A quantidade exata de enxofre não pode ser determinada até que a calibração dos dados seja concluída.
Uma das primeiras imagens da Lua feitas pela sonda indiana Chandrayaan-3 (Imagem: Organização Indiana de Pesquisa Espacial)

Enxofre pode ser utilizado em missões de longa duração na Lua

Se confirmada, essa descoberta indica que os solos próximos aos polos lunares podem ter composições fundamentalmente diferentes do restante da superfície da Lua. Isso poderia ser explicado pelo fato de os polos receberem menos luz solar direta.

Além disso, sugere uma possibilidade de extração do recurso durante futuras bases de longa duração na Lua. Essa possibilidade diminuiria a necessidade de viagens de volta à Terra para obter suprimentos e, por consequência, mais tempo e energia gastos explorando a superfície lunar.

Usando enxofre, os astronautas poderiam construir células solares e baterias, misturar fertilizantes à base da substância e até fazer concreto à base de enxofre para construção. Este último tem vários benefícios em comparação com o concreto normalmente usado em projetos de construção na Terra, sendo mais resistente ao desgaste, além de não requerer água na mistura.

As informações são da ScienceAlert.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.