Um artigo publicado nesta quarta-feira (27) na revista Nature descreve uma descoberta envolvendo o primeiro buraco negro a ser fotografado na história: M87*. O estudo confirmou que ele gira – só não se sabe, ainda, a que velocidade.

Este buraco negro supermassivo ganhou fama em 2019, quando astrônomos conseguiram captar uma rosquinha laranja difusa a 55 milhões de anos-luz da Terra, no coração da galáxia Messier 87, que fica na constelação de Virgem. 

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A imagem foi captada pelo Event Horizon Telescope (EHT) ao longo de vários dias em 2017, sendo levada a público dois anos depois, no que representou um momento histórico para a astronomia. Tempos mais tarde, em abril deste ano, a imagem foi otimizada graças à Inteligência Artificial, conforme noticiado pelo Olhar Digital.

O EHT é uma grande rede global de radiotelescópios que combina os dados de várias estações de interferometria de linha de base distribuídas por toda a Terra, criando um telescópio do tamanho do planeta.

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Uma das características mais intrigantes notadas por esses instrumentos no gigante monstro cósmico é um poderoso jato de radiação e partículas explodindo dos polos. De acordo com a nova abordagem, esse jato relativístico parece estar balançando como um pêndulo em um ciclo de 11 anos. 

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Segundo os cientistas, isso se deve às interações gravitacionais entre o buraco negro, que se presume ser cerca de 6,5 bilhões de vezes mais massivo que o Sol, e o disco de material ao seu redor (disco de acreção), fornecendo “evidências inequívocas” de rotação.

A análise dos pesquisadores sugere que o eixo de rotação do buraco negro não se alinha perfeitamente com o eixo de rotação de seu disco de acreção. Esse desajuste entre a massa em rotação e a matéria que gira em torno dela causa “um impacto significativo no espaço-tempo circundante”, o que afeta o movimento de objetos próximos.

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“Estamos entusiasmados com esta descoberta significativa”, disse Cui Yuzhu, pesquisador do Zhejiang Lab, na China, e principal autor do novo estudo, em um comunicado. Para determinar o período de oscilação do jato, Yuzhu explica que a equipe examinou dados de alta resolução rastreando a estrutura do M87* ao longo de duas décadas.

Eles descobriram que, a cada 11 anos, o jato muda de direção em cerca de 10 graus, o que é condizente com simulações teóricas de supercomputadores baseadas na Teoria Geral da Relatividade de Einstein. 

Segundo Yuzhu, essa descoberta pode ajudar a aprender mais sobre a formação e a evolução dos buracos negros até se tornarem as bestas colossais famintas que existem em todo o Universo.