Alemanha aposta em hidrogênio verde, mas tecnologia deve demorar para engatar

Caminhões movidos a hidrogênio verde provam que é possível usar o combustível a longas distâncias, mas ainda há desafios
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Ana Luiza Figueiredo 03/10/2023 20h53
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(Foto: Mercedes-Benz/Divulgação)
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A popularização dos veículos elétricos e as pressões por formas sustentáveis de se locomover estimularam outras formas de carregamento de energia, como o hidrogênio verde. A Alemanha é um exemplo de país que já implementa a tecnologia em caminhões de cargas para trajetos de longa distância.

No entanto, o hidrogênio verde ainda enfrenta desafios, que vão desde o abastecimento da frota durante o trajeto até a competitividade no setor.

Leia mais:

Caminhões movidos a hidrogênio verde

  • A Alemanha é um exemplo de país que está progredindo na adoção de hidrogênio verde na indústria dos caminhões.
  • Um modelo de emissão zero da Daimler Truck, famosa montadora de caminhões, atingiu um marco ao completar um trajeto de 1.047 quilômetros em um único tanque de hidrogênio verde.
  • No caso, o modelo Mercedes-Benz GenH2 (a Daimler faz parte do grupo da montadora) fez uma demonstração saindo da fábrica da montadora em Woerth am Rhein, cidade alemã na fronteira com a França, na tarde da segunda-feira e chegando à capital da Alemanha na terça-feira de manhã.
  • O veículo fez o trajeto com um único tanque.
  • Segundo Petra Dick-Walther, secretária de assuntos econômicos do estado alemão Renânia-Palatinado, as demonstrações provam como é possível transportar cargas pesadas em longas distâncias de maneira sustentável.
Tanque de hidrogênio do Mercedes-Benz GH2 (Foto: Mercedes-Benz/Divulgação)

Desafios do hidrogênio verde

Apesar das conquistas recentes das montadoras, a adoção do hidrogênio verde ainda tem alguns obstáculos.

O primeiro é que para ser considerado efetivamente “verde” a energia deve vir de fontes sustentáveis. Isso porque o combustível é produzido através da eletrólise de água, que vira vapor d’água ao invés de algum elemento poluente. No entanto, a energia empregada para fazer esse processo acontecer também deve ser sustentável, como a eólica ou a solar.

Nesse ponto, a indústria do hidrogênio verde enfrenta desafios técnicos, de falta de infraestrutura e de altos custos para tornar a tecnologia realmente limpa.

Desafios dos caminhões

Já na indústria dos caminhões especificamente, um dos desafios é a cadeia de abastecimento.

Segundo o site Techxplore, Andreas Gorbach, chefe de tecnologia da Daimler Truck que dirigiu o GenH2 na demonstração, disse que os trajetos a longa distância dependem de rotas planejáveis, em que é possível saber onde ficam as opções de carregamento.

A empresa planeja produzir caminhões movidos a hidrogênio na segunda metade desta década, de acordo com Gorbach, mas isso depende alguns fatores: a implantação de estações de abastecimento e disponibilidade de energia verde a um custo competitivo.

(Foto: Mercedes-Benz/Divulgação)

Contexto e futuro

  • A União Europeia tem pressionado para a diminuição de combustíveis poluentes, inclusive impulsionando o setor elétrico. De acordo com as regras atuais da região, os caminhões deverão reduzir as emissões em 30% até 2030 (em comparação com níveis de 2019).
  • A Comissão Europeia pode tornar esse número mais rígido e subir para 45% até 2030 e 90% até 2040.
  • No entanto, as empresas de caminhões da Europa ainda enfrentam concorrência com as de outros países, como a BYD e a Tesla. Assim, precisam de números mais competitivos para adotarem tecnologias verdes, como o hidrogênio.
  • Para viabilizar a produção de seu modelo verde, a Daimler Truck tem parcerias com outras fabricantes e empresas de energia, como a Shell, para instalar postos de carregamento na Europa e nos Estados Unidos.
  • Segundo um estudo encomendado pelo grupo de campanha Transporte e Ambiente (T&E), pode demorar até 2040 para que os caminhões movidos a hidrogênio se equiparem com os de diesel em relação aos custos.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.