O que você precisa saber:
- No sábado da próxima semana, dia 14, acontece um eclipse solar anular;
- A NASA vai aproveitar a ocasião para lançar uma missão de sondagem, com o objetivo de estudar os efeitos do fenômeno na atmosfera;
- A missão consiste em três foguetes que vão decolar sequencialmente no início, no meio e no fim do evento;
- Cada um deles vai implantar quatro instrumentos científicos que medirão mudanças nos campos elétrico e magnético, densidade e temperatura.
Conforme divulgado em janeiro pelo Olhar Digital, 2023 terá um total de quatro eclipses, sendo dois lunares e dois solares. Um de cada já aconteceu no primeiro semestre, e os próximos ocorrem este mês: um do Sol, no dia 14, e um da Lua, no dia 28.
O primeiro evento será um eclipse solar anular, também chamado de Anel de Fogo. Esse fenômeno acontece quando a Lua cobre o centro do Sol, mas deixa um círculo de luz visível em seu entorno (clique aqui para saber mais sobre o espetáculo da próxima semana).
Em comunicado, a NASA anunciou que vai aproveitar a ocasião para lançar três foguetes de sondagem com o intuito de estudar os efeitos da queda repentina da luz solar na atmosfera superior da Terra.
Por que estudar os efeitos do eclipse solar na atmosfera
Chamada “Perturbações Atmosféricas ao redor do Caminho do Eclipse” (APEP), a missão é liderada por Aroh Barjatya, professor de engenharia física da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, em Daytona Beach, Flórida, onde dirige o Laboratório de Instrumentação Espacial e Atmosférica.
Ele explica que, cerca de 50 km acima da superfície e além, o próprio ar se torna elétrico. Os cientistas chamam essa camada atmosférica de ionosfera porque é onde o componente ultravioleta da luz solar pode afastar elétrons dos átomos, deixando íons e elétrons voando alto.
A energia constante do Sol mantém separadas essas partículas mutuamente atraídas ao longo do dia. No entanto, à medida que o Sol vai desaparecendo abaixo do horizonte, muitas se recombinam em átomos neutros, voltando a se separar ao amanhecer.
Durante um eclipse solar, a luz do Sol desaparece e reaparece muito mais rapidamente. Por consequência, em um piscar de olhos, a temperatura e a densidade ionosféricas caem, depois sobem novamente.
Em um estudo realizado pela NASA em 2017, durante um eclipse solar total visível da América do Norte, equipamentos posicionados centenas de quilômetros fora do caminho do evento detectaram mudanças atmosféricas.
“Todas as comunicações via satélite passam pela ionosfera antes de chegarem à Terra”, disse Barjatya. “À medida que nos tornamos mais dependentes de ativos espaciais, precisamos entender e modelar todas as perturbações na ionosfera”.
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Como será a missão de sondagem atmosférica da NASA
Foi pensando nisso que a missão APEP foi projetada. A equipe envolvida planeja lançar três foguetes em sucessão – um cerca de 35 minutos antes do pico local do eclipse, um durante o ápice e outro 35 minutos depois.
Segundo a NASA, os veículos vão partir do White Sands Missile Range, no Novo México, e voarão fora do caminho da anularidade, onde a Lua passa diretamente em frente ao Sol. Cada foguete implantará quatro pequenos instrumentos científicos que medirão mudanças nos campos elétrico e magnético, densidade e temperatura. Se forem bem-sucedidas, estas serão as primeiras medições simultâneas feitas a partir de vários locais da ionosfera durante um eclipse solar.
Foguetes de sondagem podem identificar e medir regiões específicas do espaço com alta fidelidade. Eles também são capazes de medir mudanças que acontecem em diferentes altitudes conforme sobem e caem de volta à Terra. Os foguetes APEP farão medições entre 70 e 325 quilômetros acima do solo ao longo de sua trajetória.
Depois, os veículos serão recuperados e para serem relançados em 8 de abril de 2024, durante um eclipse solar total.