Eclipses são eventos astronômicos caracterizados pelo escurecimento total ou parcial de um astro por meio da interposição de um outro corpo celeste frente à fonte de luz. E o ano que acabou de começar vai trazer quatro deles: dois solares e dois lunares.

Datas dos eclipses de 2023:

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  • 20 de abril: eclipse solar híbrido
  • 5 de maio: eclipse lunar penumbral
  • 14 de outubro: eclipse anular do Sol
  • 28 de outubro: eclipse parcial da Lua
Dois dos quatro eclipses que vão acontecer este ano serão lunares. Imagem: Leena Robinson – Shutterstock

O que é um eclipse solar híbrido?

Um eclipse solar ocorre quando a Lua desliza entre a Terra e o Sol lançando uma sombra no planeta e bloqueando total ou parcialmente a luz solar. Existem três tipos mais conhecidos desse fenômeno: parcial, anular e total. Mais raro, no entanto, um quarto padrão, chamado eclipse solar híbrido, sem dúvida é o mais intrigante, espetacular e interessante deles. 

O eclipse solar parcial é o tipo mais comum (e também o menos impressionante), que acontece quando apenas uma parte do Sol é encoberta pela Lua. Nesse caso, praticamente não há alteração da luminosidade do dia. 

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Em relação ao eclipse solar anular, o fenômeno acontece quando a Lua cobre o centro do Sol, mas deixa um círculo de luz visível em seu entorno. É popularmente conhecido como “anel de fogo”. 

E o eclipse total do Sol se caracteriza quando todo o disco solar é bloqueado pela Lua, fazendo o dia escurecer por completo.

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Imagine agora uma mistura de todos eles. É meio isso que define o eclipse híbrido, que combina um eclipse anular visto de alguns pontos da Terra e um eclipse total a partir de outros, a depender do horário do dia.

Eclipses solares híbridos ocorrem quando a distância da Lua está perto de seu limite para a sombra umbral atingir a Terra, a depender do grau de inclinação da órbita lunar, haja vista que ambos os corpos são curvos. 

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Cada um dos três tipos de eclipse solar é causado pela lua bloqueando a luz de diferentes partes do sol. Imagem: Wikimedia Cmglee

Nesse ponto, a Lua está à distância exata da Terra para que o ápice de sua sombra em forma de cone esteja ligeiramente acima da superfície terrestre no início e no final do percurso do eclipse, fazendo com que a sombra antumbral da lua se mova através da Terra, causando um eclipse anular. 

No entanto, no meio do caminho do eclipse, o ápice da sombra umbral da Lua atinge a superfície da Terra, porque essa parte do planeta está um pouco mais próxima dela.

Esse diagrama de um eclipse híbrido acima mostra como a distância entre a Lua e a Terra determina a sombra projetada na superfície do planeta, desde a penumbra fraca de um eclipse parcial do Sol até a umbra profunda e escura da totalidade e a antumbra – uma espécie de “meia-sombra” – da anularidade.

20 de abril: primeiro eclipse do ano será solar híbrido

Segundo o site Space.com, o próximo eclipse solar híbrido ocorrerá em 20 de abril, no hemisfério sul. Ele fará a transição de anular para total e o movimento inverso em somente dois locais muito remotos no mar.

Assim, na prática, o fenômeno será exclusivamente experimentado como um eclipse total da Península de Exmouth, na Austrália Ocidental (até 1 minuto), Timor-Leste (1 minuto e 14 segundos) e Papua Ocidental (1 minuto e 9 segundos). Pouco antes e logo após a totalidade, uma grande exibição das “contas de Baily” será visível.

Nomeadas em referência ao astrônomo inglês Francis Baily, que as observou pela primeira vez no início de 1800, as contas de Baily são os últimos raios de luz solar que podem ser vistos fluindo através dos vales da Lua pouco antes da totalidade e no fim do processo.

Durante um eclipse solar híbrido, as exibições das contas de Baily são mais longas porque a Lua está quase precisamente do mesmo tamanho aparente que o Sol.

Acontecem entre dois e cinco eclipses solares a cada ano. Durante todo o século 21, apenas 3,1% (7 de 224) dos eclipses foram híbridos. 

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O eclipse híbrido mais recente aconteceu em 3 de novembro de 2013, sendo visível como um eclipse total na África Central, incluindo o norte do Quênia, Uganda e República Democrática do Congo. Na ocasião, navios de cruzeiro no meio do Oceano Atlântico também experimentaram totalidade, por até um minuto.

Os eclipses solares híbridos também são chamados de anulares-totais, “frisados” ou eclipses anulares “quebrados”, com as duas últimas nomenclaturas fazendo referência às exibições particularmente longas das contas de Baily.

Como a Lua parece passar diretamente na frente do Sol, os eclipses solares híbridos são classificados como eclipses solares “centrais” – assim como os eclipses solares totais e anulares – para diferenciá-los dos parciais.

5 de maio: eclipse penumbral da Lua

O segundo eclipse do ano será protagonizado pela Lua, que, segundo o site InTheSky.org, passará pela sombra da Terra entre 12h15 e 16h32 (pelo horário de Brasília), criando um eclipse lunar penumbral. 

O fenômeno será visível em qualquer local onde a Lua esteja acima do horizonte, como a África, a Oceania, a Ásia, a Europa Oriental e a Grécia. 

Infelizmente, desta vez, não poderemos testemunhar do Brasil, uma vez que, do nosso ponto de vista, a Lua estará abaixo do horizonte no momento do eclipse.

Como todos os eclipses lunares, os eclipses penumbrais ocorrem sempre que a Terra passa entre a Lua e o Sol, de tal forma que obscurece a luz solar e lança uma sombra na superfície lunar de maneira bem sutil.

Em um eclipse penumbral a Lua passa por uma região da Terra chamada penumbra. Esta é a parte externa da sombra da Terra, em que a Terra parece cobrir parte do disco do Sol, mas não ele todo. Como resultado, o brilho da Lua é reduzido, ao ser menos fortemente iluminado pelo Sol – mas todo o disco da Lua permanece iluminado até certo ponto.

O efeito só é perceptível para aqueles com visão muito hábil, ou em fotografias cuidadosamente controladas.

O evento de maio será uma rara ocasião em que toda a face da Lua passará dentro da penumbra da Terra e, portanto, a redução do brilho do nosso satélite natural será mais perceptível do que o habitual. 

Mapa de onde o eclipse de maio de 2023 será visível. Imagem: InTheSky.org

14 de outubro: eclipse solar “Anel de fogo”

Em 14 de outubro, ocorrerá o terceiro eclipse de 2023. De acordo com o Almanaque Astronômico Brasileiro, será um eclipse anular, também chamado de Anel de Fogo.

Ele será o maior eclipse solar do ano, e sua região de abrangência na faixa de totalidade recairá sobre os oceanos Pacífico e Atlântico. Em consequência, uma vasta região das Américas terá visibilidade das fases de anularidade total e parcial – que é o caso aqui no Brasil.

Natal (RN) e João Pessoa (PB) são as duas capitais brasileiras que contemplarão o eclipse em sua maior magnitude – 0,953 e 0,949, respectivamente.

Em ambos os locais, o evento começa por volta das 15h30 até quase 16h50, com duração da anularidade máxima em torno de 3,5 min.

O eclipse será parcial nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Em São Paulo a magnitude máxima será de 0,488, às 16h49 min. 

A sombra da Lua projetada na Terra à medida que o eclipse prossegue. Imagem: InTheSky.org

28 de outubro: eclipse lunar parcial

O quarto e último eclipse de 2023 será lunar parcial. As regiões de possível visibilidade abrangem o leste da América do Norte, uma pequena porção do nordeste da América do Sul, Europa, África, Ásia e partes da Austrália. 

De acordo com o guia astronômico InTheSky.org, a ocorrência do eclipse se dará aproximadamente entre 16h30 e 17h50.

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