O Renault Kwid E-Tech chegou ao mercado brasileiro como uma das opções mais atrativas e acessíveis para quem busca um carro elétrico. Claro, acessível para o padrão de preços de veículos elétricos… desembolsar quase R$ 150 mil ainda é muito dinheiro, especialmente se compararmos todos os recursos com outros modelos de carros a combustão. Mas, existem mais coisas desfavoráveis nesse modelo. Confira a seguir 5 motivos para não comprar um Renault Kwid elétrico.

O primeiro trimestre de 2023 já apontou um aumento de 50% nas vendas de carros elétricos no Brasil, se comparado ao mesmo período do ano passado. Segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), em 2022 foram 8,4 mil veículos emplacados, um número expressivo por se tratar de modelos mais caros.

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5 motivos para não comprar um Renault Kwid E-Tech

A Renault adotou a estratégia de popularizar o elétrico com o lançamento do Renault Kwid E-Tech. O chamado carro elétrico de entrada tem a intenção de ser popular, ainda que os preços estejam na faixa de R$ 150 mil. 

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A concorrência engloba os modelos Caoa Chery iCar e JAC E-JS1, rivalizando nessa faixa de preço à venda no país. O Kwid E-Tech é o mais popular dos três, mais conhecido do público, mais simples em acabamento e com o menor valor. Entretanto, vamos listar algumas coisas que você provavelmente deveria saber antes de decidir comprar ou não esse carro.

1. Deixa a desejar nos quesitos ergonomia e espaço interno

O Kwid E-Tech possui o mesmo padrão de acabamento do Kwid, que é básico e com espaço limitado. O volante não tem ajustes, nem profundidade. A posição para dirigir é bem alta para o motorista. Também não há regulagem de altura do banco. A versão elétrica do compacto é para quatro lugares em vez dos cinco do modelo convencional (observa-se que não há cinto de segurança ou apoio de cabeça para um terceiro passageiro no banco traseiro).

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De acordo com a Renault, essa foi a forma de compensar a massa extra de 188 kg da bateria para que o Kwid não ficasse tão pesado. No total, ele tem 977 kg – 150 kg a mais que o modelo convencional.

Outro incômodo igual ao carro a combustão é o aperto. O Renault Kwid E-Tech tem 3,73 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,50 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. As medidas são até maiores que as dos rivais, mas mesmo assim vai te deixar espremidinho.

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2. Decepciona no conforto, design e acabamento

Se o preço o fizer pensar em ter mais equipamentos, tecnologia e melhor acabamento, prepare-se para a decepção. A versão E-Tech tem plástico para todo lado, botões simples, ar-condicionado e multimídia idênticos à versão a combustão. Os comandos para abrir os vidros elétricos dianteiros estão centralizados no console, ou seja, o motorista só controla os interruptores da frente, e como ficam no console, abaixo da central multimídia, e não nas portas, confunde um pouco no começo. O apêndice no volante para mexer na central sem tirar os olhos da via não é prático. 

Em relação ao design, o Renault Kwid E-Tech repete o visual do Kwid convencional, com pequenas diferenças. A configuração elétrica tem capô diferenciado, para-choque dianteiro maior e farol separado com luzes diurnas de LED (DRLs) que se estendem até a grade.

Para tentar justificar o preço, o modelo possui bancos em couro, controle de estabilidade, assistente de partida em rampas, câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro de série. E já vamos falar de valores.

3. Alto custo: preço e manutenção

O Kwid E-Tech é um carro popular elétrico, mas não um carro elétrico popular. E, apesar da maior oferta de modelos nessa faixa de preço, é um valor muito alto pelo o que entrega (o dobro do de um movido a combustão). A promessa de economia de combustível é um fato, mas demora muito para chegar ao equilíbrio custo-benefício.

Você conseguiria comprar um SUV compacto topo de linha na Europa por valor similar. O problema é que é um carro importado (vem da China, mas existe a promessa de começar a ser fabricado aqui), com tributação e tudo o que é agregado, chega ao Brasil com custo bastante elevado pelo o que oferece.

Um cálculo para ficar mais claro: um motorista que percorre 20 mil km por ano levará 12 anos e 7 meses para amortizar a diferença de preço entre as versões convencional e elétrica. Quem roda 30 mil km por ano, levará 8 anos e 6 meses para recuperar o investimento adicional na versão elétrica. Ou seja, do ponto de vista estritamente financeiro, o Kwid E-Tech só compensará para quem roda mais de 50 mil km por ano, aí sim é possível recuperar a diferença de preço entre as versões térmicas e elétricas (R$ 73.100) em 5 anos.

Há também a dificuldade de encontrar manutenção especializada. Com componentes e sistemas diferentes dos veículos a combustão, nem todos os mecânicos estão capacitados para realizar reparos e manutenção em veículos elétricos.

4. Problemas com autonomia e performance

O Renault Kwid E-Tech não possui o sistema “ePedal” ou “One Pedal” (para acelerar e frear apenas pressionando ou soltando o pedal direito), como nos veículos elétricos mais sofisticados. Na hora de frear, você precisa de muito espaço, mesmo que esteja no modo Eco, em que o motor elétrico provoca uma fricção para gerar resistência e funcionar como um gerador de carga. É perceptível um certo vacilo, portanto, não deixe para frear em cima da hora porque ele vai demorar um pouco a parar.

A aderência é outro ponto incômodo, o elétrico usa os mesmos tipos de pneus do modelo convencional, mas com o peso da bateria embaixo do banco do motorista. Isso faz com que, se você estiver em uma ladeira, por exemplo, e arrancar, a roda da frente vai patinar por causa do peso da bateria.

Dito isso, você só vai lembrar que o Kwid E-Tech é um carro elétrico por não fazer barulho, afinal toda a operação dele é como um carro automático convencional, até mesmo a partida, que depende de colocar a chave no contato e girá-la, como se fosse acionar o motor. A diferença é que como não tem o barulho do motor, quando ele ativa, aparece um “OK” no painel. Basta colocar o “câmbio” em “D” ou “R” e acelerar como um carro convencional.

É praticamente um consenso que o Kwid elétrico é um carro urbano. Segundo o Inmetro, são 265 km de autonomia, um bom número para rodar na cidade e até para fazer pequenas viagens, preferencialmente em rodovias onde o limite fica na faixa dos 100 ou 110 km/h. Acima dessa velocidade, o consumo de energia aumenta bastante, o que, aliado à baixa autonomia, torna mais complicado fazer viagens longas, a maioria dos carros elétricos urbanos no mundo todo têm essa limitação.

Se rodar 90% do tempo na cidade e com o modo ECO ativado na maior parte do tempo, o consumo fica entre 10,5 e 12,0 kWh/100 km (9,5 e 8,3 km/kWh), que considerando a capacidade líquida da bateria de 25 kWh (26,8 kWh brutos), daria entre 208 km e 238 km com uma carga. Por falar em carga, vamos a ela agora. 

5. Recarga lenta e/ou difícil

Quem não tiver opção de recarga em casa, pode usar os carregadores públicos disponíveis. Em uma cidade grande como São Paulo (SP) pode ser mais fácil, mas pode ser mais difícil dependendo da região onde você mora.

Porém, com o aumento do número de carros elétricos e híbridos em circulação, as poucas vagas com carregadores disponíveis em shoppings e supermercados faz com que já seja relativamente difícil encontrar uma posição disponível nesses locais.

O Renault Kwid E-Tech vem com um carregador portátil que pode ser usado para carregar em locais onde não há estações ou mesmo em uma tomada doméstica comum, seja de 110V ou 220V. Mas há uma ressalva, a instalação deve estar em boas condições e possuir aterramento. Do contrário, ele provavelmente não carregará o veículo.

Apesar de poderem ser recarregados em casa, o tempo necessário para uma carga completa pode chegar a várias horas, dependendo da capacidade do carregador e da bateria do veículo. Para aqueles acostumados com abastecimentos rápidos em postos de combustível, essa diferença pode ser um grande obstáculo.

Analisando todos esses fatores e ainda assim a sua maior preocupação for com a sustentabilidade e custo de combustível, pode ser uma opção para você. Mas o Kwid E-Tech ainda é para poucos que podem pagar o muito que ele custa para o pouco que entrega. 

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