Raios gama altamente energéticos são detectados em pulsar

O pulsar tem sido um mistério para os pesquisadores, que tentam entender como os raios gama energéticos são emitidos
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 12/10/2023 08h05
Ilustração do Pulsar de Vela lançando partículas em velocidades relativísticas pelo seu campo magnético
Ilustração do Pulsar de Vela lançando partículas em velocidades relativísticas pelo seu campo magnético (Crédito: Laboratório de Comunicação Científica para DESY)
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Um pulsar foi detectado emitindo raios gama com os fótons mais energéticos já observados. A quantidade de energia que ultrapassa 20 teraelétrons-volts e, apesar de já existirem algumas hipóteses, os pesquisadores estão tentando descobrir como essas emissões são possíveis.

Pulsares são estrelas de nêutrons conhecidas por sua regularidade e estabilidade. Elas possuem giros rápidos e emitem pulsos tão consistentes que podem ser usados ​​como uma espécie de relógio cósmico. Agora, durante as observações do pulsar, conhecido como Vela, uma das características da estrela chamou a atenção dos pesquisadores.

Emissões de raios gama altamente energéticos emitidos por estrelas de nêutrons já foram observados anteriormente. Isso ocorre porque elas possuem campos magnéticos muito fortes que, quando capturam partículas, aceleram-nas em velocidades relativísticas, fazendo com que emitam luz.

Esses campos magnéticos são mais fortes nos pólos das estrelas de nêutrons, emitindo poderosos feixes de luz que são regularmente enviados em nossa direção, devido à rotação das estrelas. Essas emissões regulares em direção à Terra são o que chamamos de pulsares.

No entanto, no estudo publicado recentemente na revista Nature Astronomy, os pesquisadores perceberam que os raios gamas emitidos pelo Pulsar de Vela são mais intensos do que o campo magnético da estrela pode produzir.

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Os raios gama altamente energéticos ainda não podem ser explicados 

Os cientistas ainda não conseguem entender essa discrepância. No entanto, as observações feitas pelo Sistema Estereoscópico de Alta Energia (HESS) indicaram que os feixes de luz emitidos pela Vela são mais largos que o normal, o que pode justificar a geração das partículas altamente energéticas.

Acredita-se que as partículas são inicialmente aceleradas em um círculo muito maior, e quando são atraídas para o polo magnético, já estão energizadas. Outra possibilidade é que a aceleração das partículas possa ser resultado da combinação de fortes campos magnéticos e um fluxo volumoso de vento estelar.

Ainda são necessárias mais pesquisas para entender exatamente essas discrepâncias. Mas essas observações indicam que as relações que ocorrem entre campos magnéticos e partículas transmitidas nos pulsares podem ser inesperadas, podendo implicar também em campos magnéticos mais poderosos, como os existentes nas proximidades dos buracos negros.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.