A Argentina vive uma crise financeira que levou a inflação às alturas, chegando à casa dos 120% em 12 meses. Tudo isso, viabilizou a procura por uma moeda mais estável e valorizada como o dólar, mas em meio a restrições do governo, surgiu o dólar de cotação paralela, o dólar blue.
Entenda o que é o dólar blue, qual é a diferença dele para os demais câmbios e quais os riscos que ele apresenta.
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Dólar blue: o que é e como funciona transação na Argentina
Uma saída para a inflação, a busca dos argentinos pelo dólar trouxe um enorme problema para o governo que sem reservas suficientes da moeda, foi obrigado a impor limites de compra. Dessa forma, cada pessoa pode comprar apenas US$ 200.
Ao reduzir a oferta, surgiu então a cotação paralela, que fez com que a população passasse a comprar e vender dólar por meio não oficial. Sendo assim, muitos argentinos buscam o valor das negociações por meio ilegal e que foge da fiscalização do estado, mais conhecida como “dólar blue”.
Para entender melhor, o dólar blue tem uma transação semelhante a qualquer taxa de câmbio, com preço que varia diariamente e baseado em regras de negociação.
Mas, a diferença para o câmbio oficial está na maneira que ele é cotado, pois a cotação oficial acontece com base na conversão de uma moeda estrangeira para o peso argentino, feita por instituições regulamentadas pelo Banco Central da Argentina.
No entanto, no caso do dólar blue acontece exatamente o contrário, pois seu preço é estipulado por instituições não regulamentadas, que vendem a moeda pelo preço que desejarem, dependendo da procura.
Além do dólar blue, a Argentina tem mais de uma dúzia de cotações de câmbio vigentes no país.
Dólar blue: como é negociado e quais os riscos?
Como o dólar blue funciona de forma paralela e é ilegal, suas negociações acontecem à margem da fiscalização do Banco Central argentino. Geralmente, a moeda é vendida em bancas de jornais, restaurantes, hotéis, lojas, com taxistas e qualquer pessoa que tenha a moeda e queira negociar.
Os lugares ou estabelecimentos em que acontecem a venda do dólar blue ficaram conhecidos como “cuevas”. Além disso, a origem desses dólares é ainda mais surpreendente.
Em entrevista a reportagem do G1, a economista da FGV, Carla Beni, afirma que eles vêm do crime, muitas vezes do tráfico e da lavagem de dinheiro.
A partir daí, podemos entender os riscos, afinal, esse mercado funciona longe de qualquer fiscalização, o que não daria, por exemplo, ao consumidor o direito de reclamar caso compre notas falsas.
Sem contar que a definição do valor de venda fica a critério de quem está vendendo, o que torna esse tipo de transação totalmente instável, já que o dólar blue fica sujeito a variações.