Abin usou rastreamento ilegal de celulares nas eleições e contra o STF

Operação contra Abin começou em março, após descoberta de que agência estaria usando software de rastreamento de celulares sem autorização
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Ignacio de Lima 20/10/2023 15h52
abin
Imagem: Reprodução/Abin
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A ferramenta de rastreamento de celulares adotada ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entre 2018 e 2021 foi usada durante o período eleitoral e para formar um “cerco ao STF“. As informações são de investigadores ligados ao caso, que falaram com a TV Globo após uma operação nesta sexta-feira (20).

Leia mais:

Caso Abin: eleições e STF

  • De acordo com o G1, advogados, policiais, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram alguns dos alvos do rastreamento ilegal realizado pela Abin entre 2018 e 2021.
  • A “gangue Abin de rastreamento” (como o grupo foi apelidado pelos investigadores) chegou a apagar os rastros dos acessos nos computadores, mas a Polícia Federal identificou 33 mil deles.
  • Por enquanto, a PF conseguiu levantar do que se tratava somente cerca de 1,8 mil desses acessos de localização.
  • A lista inclui um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, o que reforça a crença dos investigadores de que Moraes foi alvo de um sistema ilegal de rastreamento.
  • Além disso, houve um uso “sistemático” da ferramenta de rastreamento de celulares durante o período eleitoral.
Pessoa segurando celular
(Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Relembre o Caso Abin

A Abin operou um sistema secreto de monitoramento de localização de cidadãos no território nacional durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro sem protocolo oficial. Para isso, usou a ferramenta israelense FirstMile, que permite o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses usando dados emitidos pelas redes 2G, 3G e 4G.

O software foi adquirido ainda no governo de Michel Temer e o uso, entre 2018 e 2021, gerou críticas até dentro da agência, uma vez que a Abin não possuiu autorização para operá-la. O Olhar Digital reportou o caso aqui.

Em 16 de março deste ano, um inquérito para investigar a conduta da agência foi aberto. Um dia antes, a Abin já havia informado que o sistema foi descontinuado.

O que a Abin diz

Em março, a Abin informou que descontinuou o software e que estava revisando suas práticas. Você pode ler o desdobramento desse caso aqui.

Agora, em nota ao G1, a agência afirmou que está colaborando com as autoridades envolvidas na investigação e que atendeu a todos os pedidos da Polícia Federal e do STF.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.

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