Conheça “Monte dos Mortos”: cidade misteriosamente deixada em ruínas

Durante seu auge, a antiga cidade de Moenjodaro abrigou cerca de 40 mil habitantes, mas foi eventualmente abandonada e não se sabe o porquê
Por Mateus Dias, editado por Flavia Correia 24/10/2023 16h05
Ruínas da cidade de Mohenjo-daro
Ruínas da cidade de Moenjodaro. Crédito: Sergey-73/Shutterstock
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Há cerca de cinco mil anos, no Vale do Indo (uma área a nordeste do atual Afeganistão, que atravessava grande parte do que hoje é o Paquistão e o oeste da Índia), surgiu Moenjodaro (que se traduz como “Monte dos Mortos”). A cidade, que chegou a comportar 40 mil habitantes, foi misteriosamente abandonada e deixada em ruínas – e até hoje os historiadores não sabem por que.

Redescoberta do “Monte dos Mortos”:

  • Moenjodaro, palavra no dialeto urdu para “Monte dos Homens Mortos”, era uma cidade de 40 mil habitantes situada onde atualmente é o sudoeste do Paquistão;
  • Foi um dos maiores centros populacionais da antiga Civilização do Vale do Indo e um dos primeiros grandes povoados urbanos do mundo, contemporâneo às civilizações do Egito Antigo, Mesopotâmia e Creta;
  • Cerca de mil anos depois de ser construída, por volta de 1800 a 1700 a.C., a cidade foi abandonada;
  • O local foi redescoberto em 1922;
  • De acordo com a Unesco, que declarou o sítio arqueológico Patrimônio Mundial em 1980, as ruínas estão distribuídas em cerca de 24 hectares, e apenas um terço delas já foi escavado.

Cidade planejada e abandonada

Construída por volta de 2500 a.C., a cidade foi erguida de forma organizada, seguindo um planejamento urbano, conforme seu layout sugere. Durante seu auge, Moenjodaro tinha estradas retas cruzadas em ângulos de 90 graus, formandos quarteirões alinhados com áreas importantes.

As ruas e construções de Moenjodaro indicam que ela foi uma cidade planejada. Crédito:Jawwad Ali/Shutterstock

As construções eram feitas de tijolos cozidos uniformes, o que indica que esse era um material de construção padronizado. Estudos apontam que a cidade contava com centros cívicos, banheiros públicos, centros culturais, um colégio para líderes religiosos, um complexo sistema de drenagem e um grande celeiro.

Devido às condições que as estruturas se encontram, acredita-se que Moenjodaro tenha sido arrasada por um desastre rápido, mas vindo a sofrer lentamente com as ações do tempo.

No entanto, os pesquisadores não encontraram sinais de desastres nas ruínas, nem de que a cidade tenha sido destruída por uma batalha. Além disso, as causas das mortes dos esqueletos encontrados não parecem ter sido um massacre.

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Além do “Monte dos Mortos”, muitas cidades no Vale do Indo também foram abandonadas no mesmo período, por volta de 4 mil anos atrás. A teoria até então mais aceita é que a região tenha passado por uma terrível seca, que causou o fim da agricultura que sustentava esses assentamentos. 

Um estudo publicado em abril deste ano na revista Nature, realizado em uma estalagmite de uma caverna no Himalaia, parece confirmar essa hipótese, revelando que a região foi atingida por condições áridas há 4,2 mil anos que se estenderam por alguns séculos. Indo para além do Vale do Indo e da região no pé do Himalaia, existem evidências de que uma grande seca assolou todo o mundo na mesma época.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.