Pesquisadores brasileiros afirmam ter encontrado um dos principais ingredientes ativos da maconha, o cannabidiol (CBD), em uma planta que não pertence ao gênero Cannabis. O achado se deu nos frutos e flores da Trema micranthum, conhecida como ameixeira-brava, um arbusto perene nativo das regiões tropicais e subtropicais das Américas.

A Trema micranthum faz parte da família Cannabaceae, que contém 11 gêneros e cerca de 170 espécies. Um desses gêneros inclui as plantas de cannabis, como a Cannabis sativa, utilizada na produção de maconha.

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Essas plantas são conhecidas por produzirem substâncias químicas chamadas canabinoides, que incluem o tetra-hidrocanabinol (THC), substância que induz efeitos psicoativos, e o CBD, que não possui efeitos psicoativos.

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Diferente da C. sativa, a T. micranthum não contém THC, o que pode torná-la uma nova fonte atraente de CBD, sem as barreiras legais associadas ao cultivo da cannabis.

Descoberta pode impulsionar o uso medicinal do CDB

“À medida que mais pacientes são prescritos com cannabis medicinal para problemas de saúde crônicos no Reino Unido e internacionalmente, é promissor ver abordagens inovadoras para a produção de cannabidiol e outros canabinoides”, disse o Dr. Simon Erridge, chefe de pesquisa na Sapphire Medical Clinics no Reino Unido, que não esteve envolvido na nova descoberta, para ao Live Science.

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Porém, o Dr. Erridge aponta que devemos ter cautela em torno desta notícia, já que os pesquisadores brasileiros ainda não publicaram dados sobre as quantidades de CBD que conseguiram extrair da Trema micranthum. Ele também ressalta que as técnicas para otimizar a extração de CBD da flor de cannabis foram refinadas ao longo de muitas décadas.

A descoberta surge em um momento de crescente interesse no potencial uso da cannabis medicinal para tratar uma série de condições, de doença de Parkinson a epilepsia e dor crônica. Embora a prática seja legal em alguns países, ainda existem barreiras ao acesso do medicamento em todo o mundo.

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“Foi maravilhoso encontrar uma planta com CBD, mas sem THC, porque você evita toda a confusão em torno de substâncias psicotrópicas [psicoativas]”, disse Rodrigo Moura Neto, biólogo molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro que liderou a pesquisa, em entrevista à AFP.

Segundo Moura Neto, o potencial é enorme e, com uma concessão pública, sua equipe espera expandir a pesquisa para descobrir a melhor maneira de extrair CBD da T. micranthum e testar se ela poderia ser um substituto eficaz para a maconha medicinal.

Até que dados semelhantes sejam obtidos em relação à Trema micranthum, a maioria do CBD continuará vindo das plantas cannabis, afirma Erridge.