Groenlândia: mar pode subir 2,1 metros com derretimento de geleiras flutuantes

Estudo mostra que plataformas de gelo flutuantes localizadas no norte da Groenlândia perderam um terço do volume total nos últimos 40 anos
Rodrigo Mozelli10/11/2023 18h34
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Imagem: Kertu/Shutterstock
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Estudo publicado na terça-feira (7) aponta que as plataformas de gelo flutuantes localizadas no norte da Groenlândia perderam um terço do volume total nos últimos 40 anos.

O derretimento dessas geleiras flutuantes vão causar um aumento “dramático” do nível do mar – podendo chegar a 2,1 metros. As geleiras da Groenlândia são fundamentais para regular o fluxo de gelo das geleiras locais para o oceano.

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  • Desde 1978, as plataformas de gelo em questão perderam mais de 35% do volume total e três delas colapsaram, aponta o UOL;
  • O estudo, publicado na Nature Communications, indica ainda que o aquecimento global, alimentado pelos combustíveis fósseis, torna as calotas de gelo “extremamente vulneráveis”, podendo até colapsar;
  • “Isso pode ter consequências dramáticas em termos de aumento do nível do mar”, reforçam os autores.

Aumento do nível do mar

O aumento do nível do mar não acontece exatamente pelo derretimento das geleiras, pois estão na água.

É que as plataformas de gelo funcionam como se fossem uma “represa” reguladora da descarga de gelo no oceano da camada de gelo. Uma vez que as barreiras colapsem, permitirão o despejo de mais gelo nos oceanos.

Antigamente, os cientistas as consideravam estáveis, enquanto outras partes da camada de gelo da Groenlândia começaram a fragilizar nos anos 1980. Os autores da pesquisa, contudo, descobriram que as geleiras começaram a descarregar gelo por conta do enfraquecimento das plataformas, que vêm derretendo em sua parte inferior por conta do aquecimento dos oceanos.

Identificamos aumento muito significativo no derretimento desde a década de 2000, que corresponde claramente a crescimento nas temperaturas dos oceanos nesta área durante esse período.

Romain Millan, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, em francês) e autor principal do estudo, em entrevista à AFP

Os cientistas vinculados ao estudo são de Dinamarca, França e EUA. Eles usaram milhares de imagens de satélite combinadas com medições de campo e modelos climáticos, podendo assim reconstruir a natureza das geleiras flutuantes.

A desestabilização das geleiras do norte da Groenlândia começou nos últimos 20 anos, indicando mais perda de gelo do que ganho. Conforme observações realizadas entre 2006 e 2018, a camada de gelo da Groenlândia representa 17% do aumento do nível do mar.

Para piorar, outro estudo aponta que o derretimento das geleiras pode aumentar a chance de terremotos no mundo.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.