Cientistas descobriram que a maior e mais brilhante explosão de raios gama já detectada, ocorrida em 2022, pode ter afetado a ionosfera, parte superior da atmosfera da Terra.

Partículas carregadas do Sol atingem átomos e moléculas na ionosfera, liberando seus elétrons. Durante os 800 segundos que a explosão durou, observações feitas pelo laboratório astrofísico de raios gama (Integral) da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram que ela alterou os campos elétricos da ionosfera até as camadas mais próximas de nosso planeta.

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A rajada foi tão forte que ativou detectores de relâmpagos na Índia e perturbou a ionosfera por várias horas após o evento. O evento segue sendo um desafio para a ciência, possuindo mais de uma possível explicação para ele.

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“Foi provavelmente a explosão de raios gama mais brilhante que já detectamos”, disse o autor principal Mirko Piersanti, da Universidade de L’Aquila, em comunicado enviado ao IFLScience.

“Temos medido explosões de raios gama desde a década de 1960 e esta é a mais forte já medida,” acrescentou o co-autor Pietro Ubertini, Instituto Nacional de Astrofísica, investigador principal do instrumento IBIS da Integral.

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Essa perturbação na ionosfera é surpreendente, já que eventos anteriores de GRBs não produziram um efeito semelhante na atmosfera.

Perturbação na ionosfera da Terra

  • Segundo o IFLScience, o estudo foi publicado nesta terça-feira (14) na Nature Communications;
  • Ele aponta que a perturbação atingiu camadas inferiores da ionosfera (50 km) e fez com que ela se movesse para altitudes mais baixas, aproximando-se do solo;
  • A preocupação é que eventos como esse possam danificar a camada de ozônio e causar extinção em massa, embora seja improvável que uma explosão tão distante possa causar tal efeito catastrófico;
  • No entanto, supernovas também ocorrem em nossa galáxia e uma GRB muito mais próxima de casa poderia ter consequências devastadoras;
  • Para entender melhor essa relação entre a ionosfera e os GRBs, os pesquisadores continuarão coletando mais dados.

“Essencialmente, podemos dizer que a ionosfera ‘desceu’ para altitudes mais baixas e detectamos isso na forma como as ondas de rádio saltam ao longo da ionosfera,” explicou a física solar da ESA Laura Hayes, que publicou medições iniciais das mudanças ionosféricas em 2022.

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“Isso é incrível. Podemos ver coisas que estão acontecendo no Espaço profundo, mas que também estão afetando a Terra”, disse Erik Kuulkers, Scientista de Projetos da ESA.