Tutancâmon: mistério sobre a morte do faraó pode ter chegado ao fim

Pesquisadores analisaram o que poderia ter causado as múltiplas lesões de Tutancâmon, incluindo trauma torácico e uma fratura de fêmur
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 14/11/2023 02h40
Tutâncamon
(Tutâncamon) Imagem: divulgação
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Tutancâmon é considerado um dos faraós do Antigo Egito mais famosos graças à descoberta, em 1922, de sua tumba praticamente intacta no Vale dos Reis do Egito. Ele assumiu o poder com menos de 10 anos de idade e morreu antes de completar 20 anos. Mas o motivo do seu falecimento continua intrigando historiadores.

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Morte de Tutancâmon

  • Uma análise do DNA de Tutancâmon, realizada em 2010, mostrou a presença de malária, levantando a teoria que o faraó havia sido vítima da doença.
  • No entanto, alguns especialistas questionam a validade e a confiabilidade dos dados genéticos coletados de fontes egípcias antigas.
  • Por isso, outra hipótese parece ser mais promissora: a de que ele morreu após cair de sua carruagem.
  • Um novo estudo, publicado na revista South African Journal of Surgery, sugere que as lesões nos órgãos de Tutancâmon podem ter sido ocasionadas pela queda, o que faria dele a primeira vítima de um acidente de “trânsito” na África.
  • As informações são da IFLScience.
Carruagem de Tutancâmon (Imagem: Pierre Jean Durieu/Shutterstock)

Queda resultou em múltiplas lesões

A partir do momento em que a múmia de Tutancâmon foi descoberta há um século, ficou claro para os arqueólogos que o jovem governante havia sido enterrado às pressas em uma tumba que era muito grande para ele e, portanto, provavelmente destinada a outra pessoa. Isso indicaria que a morte do faraó havia ocorrido repentina e inesperadamente.

Raios-X feitos em 1968 apoiaram essa teoria, destacando fragmentos de ossos soltos no crânio, embora a principal interpretação na época fosse que o jovem rei havia sido espancado até a morte. Estudos subsequentes, no entanto, revelaram que o crânio estava na verdade intacto e que os fragmentos soltos provavelmente eram apenas partes da coluna vertebral que haviam se desalojado durante o processo de embalsamamento.

As análises ainda mostraram que o corpo estava perdendo uma parte maciça da parede torácica e várias costelas, enquanto o coração e os pulmões de Tutancâmon inexplicavelmente não estavam incluídos nos frascos canópicos enterrados ao lado da múmia. Isso levou à especulação de que seus órgãos podem ter sido descartados após serem esmagados como resultado de um grande trauma torácico.

Em 2005, uma tomografia computadorizada revelou uma fratura do fêmur distal esquerdo logo acima do joelho. Segundo pesquisadores, a resina de embalsamamento dentro da fratura indicou que se tratava de uma fratura nova e composta e deve ter ocorrido pouco antes de sua morte, pois não havia sinais de cicatrização óssea.

Especulando sobre como o jovem pode ter se ferido com essa gravidade, os responsáveis pelo novo estudo observam que o túmulo de Tutancâmon continha várias carruagens com rodas gastas, assim como representações do faraó andando nos veículos. Eles ainda afirmam que “o tipo de fratura sofrida por Tutancâmon, uma fratura composta distal justa-epifisária do fêmur, é excessivamente rara em crianças. As fraturas expostas são tipicamente causadas por lesões de alta energia, como acidentes de carro, quedas de altura ou lesões esportivas graves”.

Dessa forma, o trabalho propõe que o faraó caiu de sua carruagem, sofrendo múltiplas lesões, incluindo trauma torácico contuso e uma fratura composta de fêmur.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.