Mpox pode ser grave em pessoas com imunidade comprometida

Cientistas identificam impactos graves do MPXV, vírus causador da mpox, em indivíduos com sistema imunológico comprometido
Por Nayra Teles, editado por Bruno Capozzi 15/11/2023 02h00
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Imagem: cedida pelo pesquisador ao Jornal da USP
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Uma pesquisa conduzida por cientistas do Departamento de Patologia e do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) identificou graves consequências da infecção por MPXV em pessoas imunocomprometidas. Numa autópsia em indivíduos com o vírus HIV, foram encontradas lesões em quase todos os órgãos do corpo.

O MPXV é o vírus causador da varíola dos macacos ou mpox. A doença, que pode causar sérias lesões na pele, atingiu mais de 110 países desde 2022. O Brasil foi segundo país que mais teve infecções e o quarto que registrou mais mortes. O estudo foi publicado pela revista The Lancet Infectious Diseases.

Detalhes do estudo:

  • Durante a epidemia de mpox, alguns homens com Aids desenvolveram sintomas graves e tiveram mais risco de morte. Até então, não havia certeza de que o motivo era mesmo o vírus MPXV.
  • Para investigar os casos, os pesquisadores realizaram autópsia em dois jovens com HIV e outras técnicas como o sequenciamento do genoma viral.
  • Foi identificado que o vírus afetou órgãos como os pulmões, intestinos, fígado, adrenais, coração, nervos e vasos.
  • Em pessoas imunocompetentes (sem alterações na resposta imune), o MPXV causou infecção restrita à pele.
  • As análises descobriram que o MPXV pode causar a pneumonia, infecção intestinal e proctite grave, hepatite, infecção cardíaca e das adrenais.
  • Os resultados do estudo sugerem que a mpox pode ser considerada uma doença oportunista grave em indivíduos com a imunidade comprometida, aumentando o risco de mortalidade.

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Tratamentos e medidas preventivas

Amaro Nunes Duarte Neto, um dos autores do artigo, explicou ao Jornal da USP que o mpox pode infectar qualquer pessoa, mas as imunocomprometidas são mais suscetíveis. Ele conta também que medicamentos ainda não se mostram efetivos para o tratamento da doença:

Ainda não está claro se alguns medicamentos antivirais, como o tecovirimat, cidofovir e anticorpos monoclonais com ação contra o MPXV têm benefício clínico comprovado, em estudos bem desenhados e com resultados definitivos, em pacientes com infecção pelo HIV em estado avançado.

Amaro Nunes Duarte Neto em entrevista para o Jornal da USP

O especialista defende, ainda, a necessidade da tomada de medidas preventivas rápidas para evitar novos casos fatais de mpox como uma doença oportunista grave associada à Aids. “Uma delas é a vacinação contra o vírus MPXV, disponível na rede pública de saúde do Brasil”, lembra ele.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.