Conforme noticiado pelo Olhar Digital, um jato de plasma canibal foi disparado pelo Sol em direção à Terra na terça-feira (28). O material lançado pela explosão deve chegar ao planeta entre esta quinta (30) e sexta-feira (1º), podendo provocar tempestades geomagnéticas de classe G3 (nível considerado forte, em uma escala que vai de G1 – fraco – a G5 – extremo).
Ele é chamado de canibal porque é possível que integre outros três eventos do tipo ejetados pela estrela horas antes, o que vai potencializar a força do impacto, antes esperado como uma tempestade geomagnética de classe G2 (grau moderado).
Vamos entender:
- Na segunda-feira (27), um filamento magnético do Sol entrou em erupção, abrindo uma espécie de “cânion de fogo” na estrela;
- Essa fenda disparou uma ejeção de massa coronal (CME) em direção à Terra;
- CMEs são jatos de plasma solar magnetizado que podem levar até três dias para chegar ao planeta;
- Dependendo da potência com que chegam por aqui, as CMEs desencadeiam tempestades geomagnéticas ao reagirem com a magnetosfera;
- No mesmo dia, outros dois eventos do tipo arremessaram mais jatos de plasma solar contra o planeta;
- A chegada coletiva desse material está prevista entre quinta (30) e sexta-feira (1º), podendo causar tempestades geomagnéticas da classe G2;
- Ocorre que na terça-feira (28), uma explosão na mancha solar AR3500, de classe M.9 (quase um X, que é o tipo mais forte), disparou ainda mais material na mesma direção;
- Esse poderoso vento solar deve integrar os três anteriores, como um jato canibal, e provocar tempestades geomagnéticas G3, mais fortes que as aguardadas até então.
O Observatório Astronômico Rei do Universo (OARU), de Manaus, o primeiro observatório astronômico do Amazonas, fundado pelo químico industrial, professor e astrônomo amador Geovandro Nobre, registrou a região ativa do Sol originária do jato de plasma canibal poucos dias antes do episódio.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2023/11/mancha-solar-AR3500-OARU-1024x734.jpeg)
A imagem foi capturada no sábado (25), às 8h37 da manhã (pelo horário de Brasília), quando o Sol estava a 147,6 milhões de km de distância da Terra. Segundo Nobre, que faz transmissões semanais de imagens do espaço e fenômenos astronômicos em seu canal no Youtube, para a composição foram usados 1550 frames com exposição de 3,69 ms.
Leia mais:
- Supertempestade solar pode colapsar a internet? Cientista diz que sim e propõe medida
- Fonte dos ventos solares pode finalmente ter sido descoberta
- NASA captura o som do vento solar atingindo a Terra
Saiba mais sobre o jato de plasma solar canibal que vai atingir a Terra
Ao concentrar energia magnética demais, a mancha solar AR3500 entrou em erupção, produzindo uma explosão solar da classe M9.8 (apenas pontos percentuais abaixo da categoria X, a mais violenta). O evento foi registrado pelo Observatório de Dinâmicas Solares (SDO) da NASA.
Em consequência, uma hora após o surto, um pulso de radiação ultravioleta extrema interrompeu as comunicações de rádio de ondas curtas em todo o Oceano Pacífico Sul e partes das Américas (confira no mapa).
Se as coisas saírem de acordo com o previsto, e esse jato canibalizar os três anteriores, é possível que o evento tenha força o suficiente para romper a magnetosfera da Terra e produzir tempestades G3.
Caso isso se concretize, as possíveis consequências são:
- Sistema elétrico: correções de voltagens podem ser necessárias;
- Operação de satélites: pode ocorrer sobrecarga estática nos componentes de superfície e aumento do arrasto sobre os equipamentos de baixa órbita, podendo se fazer necessárias correções para os problemas de orientação;
- Outros sistemas: podem ocorrer problemas intermitentes nas comunicações por satélite e navegação em baixa‐frequencia, e a comunicação via rádio HF pode ficar intermitente;
- Auroras: formação de auroras muito mais distante dos polos do que normalmente se vê.