Receber uma estatueta feita de madeira, enquanto outros artistas ganham a mesma feita de ouro pode soar estranho, mas existe uma razão criativa por trás disso. Em 1937, o Oscar resolveu inovar e entregar um prêmio que tinha tudo a ver com o trabalho do indicado. Ele era Edgar Bergen, um ventríloquo que fez carreira no teatro, rádio e cinema.

O Oscar do ventríloquo

O Oscar Honorário de madeira de 1937 com boca móvel foi uma homenagem ao trabalho do ventríloquo e humorista Edgar Bergen. Sua criação, o boneco Charlie McCarthy, era atrevido e com um humor debochado. Com ele, Bergen construiu sua fama, passando pelo rádio, televisão até o cinema.

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O artista fez 14 filmes ao lado de McCarthy, que estava sempre o insultando de um jeito engraçado. Entre eles, You Can’t Cheat an Honest Man , WC Fields e Charlie McCarthy, Detetive. A maneira que o Oscar encontrou de celebrar a ‘sua notável criação cômica’ foi por meio do objeto de madeira exclusivo.

Atualmente, a estatueta está no Museum of Broadcast Communications, em Chicago (Estados Unidos). No local também estão expostos pôsteres de filmes, brinquedos e outros itens que representam a carreira de Edgar Bergen e seu companheiro Charlie McCarthy.

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Oscar de Madeira
Imagem: Museum of Broadcast Communications

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Sobre Edgar Bergen

Edgar Bergen era filho de imigrantes suecos e nasceu em 16 de fevereiro de 1903, em Chicago. Após a morte de seu pai, começou a realizar pequenos trabalhos para ajudar a família. Aprendeu ventriloquismo por conta própria e, aos 15 anos, impressionou um artista de vaudeville — gênero de entretenimento —, que lhe concedeu três meses de aulas gratuitas.

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Edgar Bergen com seus dois bonecos: Charlie McCarthy e Mortimer Snerd – Imagem: Rádio CBS, Domínio público, via Wikimedia Commons

Em 1922, Bergen contratou um entalhador para criar seu famoso boneco Charlie McCarthy, que se tornaria seu parceiro inseparável. Habilidoso tanto no ventriloquismo quanto na comédia, ganhou destaque no circuito de vaudeville de Chautauqua e depois conquistou o rádio. Em 1937, os dois receberam seu próprio programa, The Chase and Sanborn Hour, que foi sucesso nacional.

Bergen manteve sua presença nos palcos e na televisão por décadas e faleceu em 1978, poucos dias após anunciar sua aposentadoria, durante uma apresentação em um cassino de Las Vegas.

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Oscar de madeira não foi o único prêmio diferentão

A Academia já pensou fora da caixa outras vezes. Uma delas foi na premiação de Walt Disney, que inclusive trabalhou com Bergen em Fun and Fancy Free (Como é bom se divertir, na versão em português). Em 1938, o fundador da Disney recebeu sete pequenas estatuetas como Prêmio Honorário por Branca de Neve e os Sete Anões. No ano de 1934, Shirley Temple, na época uma artista mirim de fama estrondosa, também ganhou um mini Oscar por sua grande popularidade.