Cerca de um milhão de pessoas sofrem de uma doença parasitária conhecida como leishmaniose cutânea todos os anos, mas algumas delas não sentem dor com as feridas. Pesquisadores ficaram intrigados porque alguns dos pacientes estavam dessensibilizados. Finalmente, eles têm hipóteses para o que torna a doença indolor para algumas pessoas — e a causa pode ser o próprio parasita.

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Leishmaniose cutânea

A Leishmaniose cutânea, também conhecida como Tegumentar, é uma doença infecciosa e não contagiosa que causa úlceras na pele. De acordo com o Ministério da Saúde, ela é causada por um protozoário do gênero Leishmania e transmitida aos humanos pela picada das fêmeas de uma espécie de mosca, quando infectada.

No entanto, para algumas pessoas, as feridas na pele são indolores, o que intriga cientistas.

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Feridas causadas pela leishmaniose cutânea (Foto: ImagensstockBR/Shutterstock)

Parasita vs feridas indolores

  • Segundo o site New Atlas, a hipótese inicial da razão para as feridas serem indolores em algumas pessoas é que o parasita modifica o sistema imunológico. Isso porque ele aumenta a produção das citocinas, uma molécula inflamatória que eleva ou diminui a sensação de dor.
  • No entanto, nunca foi possível explicar o porquê de as citocinas “desligarem” a função de dor, sendo que algumas delas podem, ao contrário, amplificar a sensação. Ou seja, elas poderiam não ser a explicação para isso.
  • Então, uma pesquisa decidiu analisar a variedade de metabólitos presentes nas lesões em camundongos infectados com o parasita.
  • Neles, foram identificados três antinociceptivos (que reduzem a capacidade de sentir dor): purinas endógenas, ácido araquidônico e metabólitos endocanabinóides.

O que isso significa

A pesquisa concluiu que as citocinas podem não ser as únicas responsáveis por controlar a dor no caso da Leishmaniose cutânea.

Isso os leva a pensar que o parasita pode estar criando um ambiente de produção de potenciais analgésicos naturais, algo que deve ser mais estudado após a pesquisa.

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Se estudos futuros descobrirem exatamente como essas vias de sinalização da dor são bloqueadas, então poderão ser desenvolvidos tipos inteiramente novos de medicamentos analgésicos — medicamentos que bloqueiam a dor diretamente no local de uma ferida, em oposição aos atuais medicamentos à base de opioides, que funcionam em várias partes do cérebro.

Com base nos nossos dados, algo que os parasitas fazem desencadeia vias que suprimem a dor (…) Como eles fazem isso, ainda estamos investigando. Nossa hipótese é que quaisquer moléculas que a presença do parasita esteja produzindo poderiam ser potenciais analgésicos para outros problemas de saúde.

Abhay Satoskar, autor sênior do estudo